segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Criações da alma


A partir do nascimento, a nossa alma cria uma imensa reserva de sensações, volições e pensamentos. Cada espetáculo que contemplamos, cada livro que lemos, cada conversa mantida, deixa em nós uma impressão indelével, as idéias ligam-se e encadeam-se pela lei de associação, e esta lei tem efeito também entre as sensações e percepções. O território onde se acolhe este sem número de materiais é o perispírito; aqui se inscrevem todas as aquisições, coexistindo sem confundir-se, sem misturar-se umas com as outras, e formando como que a biblioteca viva de cada ser sensível. Este tesouro que se denomina o inconsciente, é uma espécie de cinematógrafo natural que funciona sob a ação da vontade. Quando o espírito quer utilizar esta reserva vê-se muitas vezes obrigado a fazer um esforço para avivar as recordações, pois para verificar os estados psíquicos subconscientes, é preciso que lhes devolva o mesmo ritmo vibratório que tinham no momento de produzir-se.

Como se consegue isto?
A experiência ensina-nos que a atenção tem como resultado um aumento na potência do movimento num músculo . Quando por meio da vontade concentramos o nosso pensamento na direção de uma recordação, conseguimos mandar em sua direção uma série de influxos sucessivos, que têm como objetivo devolver às células e, por conseguinte, ao perispírito, o mesmo movimento vibratório que possuíam no momento de ter-se tornado consciente. Esta repetição de uma excitação chega a produzir uma congestão no órgão material com grande atividade funcional, e produz até mesmo abaixo dos limites da consciência, uma espécie de atenção passiva. Após uma série de excitações da mesma intensidade, cujas primeiras não tinham sido sentidas, a reminiscência torna-se clara.


Gabriel Delanne