quarta-feira, 16 de março de 2011

"Lei de Destruição"

O Livro dos Espíritos - Parte Terceira
Capítulo 6 - "Lei de Destruição"
Destruição necessária e destruição abusiva
728 A destruição é uma lei natural?
– É preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar. O que chamais destruição é apenas transformação que tem por objetivo a renovação e o melhoramento dos seres vivos.


729 Se a destruição é necessária para a regeneração dos seres, por que a natureza os cerca com meios de preservação e de conservação?
– Para que a destruição não ocorra antes do tempo preciso. Toda destruição antecipada dificulta o desenvolvimento do princípio inteligente; é por isso que Deus deu a cada ser a necessidade de viver e de se reproduzir.


731 Por que, ao lado dos meios de conservação, a natureza colocou ao mesmo tempo os agentes destruidores?
– O remédio ao lado do mal, já dissemos, é para manter o equilíbrio e servir de contrapeso.

732 A necessidade de destruição é a mesma em todos os mundos?
– É proporcional ao estado mais ou menos material dos mundos e cessa quando os estados físico e moral estão mais depurados. Nos mundos mais avançados as condições de existência são completamente diferentes.

733 A necessidade da destruição existirá sempre entre os homens na Terra?
– A necessidade de destruição diminui e se reduz entre os homens à medida que o Espírito se sobrepõe à matéria; é por isso que se constata o horror à destruição crescer com o desenvolvimento intelectual e moral.

738 a) Mas nesses flagelos o homem de bem morre como o perverso; isso é justo?
– Durante a vida, o homem sujeita tudo ao seu corpo; mas, após a morte, pensa de outro modo e, como já dissemos, a vida do corpo é pouca coisa; um século de vosso mundo é um relâmpago na eternidade. Portanto, os sofrimentos que sentis por alguns meses ou alguns dias não são nada, são um ensinamento para vós e servirão no futuro. Os Espíritos, que preexistem e sobrevivem a tudo, compõem o mundo real. (Veja a questão 85.) Esses são filhos de Deus e objeto de toda a sua solicitude; os corpos são apenas trajes sob os quais aparecem no mundo. Nas grandes calamidades que destroem os homens, é como se um exército tivesse durante a guerra seus trajes estragados ou perdidos. O general tem mais cuidado com seus soldados do que com as roupas que usam.

738 b) Mas nem por isso as vítimas desses flagelos são menos vítimas?
– Se considerásseis a vida como ela é, e quanto é insignificante em relação ao infinito, menos importância lhe daríeis. Essas vítimas encontrarão numa outra existência uma grande compensação para seus sofrimentos se souberem suportá-los sem se lamentar.
  • Quer a morte chegue por um flagelo ou por uma outra causa, não se pode escapar quando a hora é chegada; a única diferença é que, nos flagelos, parte um maior número ao mesmo tempo.
Se pudéssemos nos elevar pelo pensamento, descortinando toda a humanidade de modo a abrangê-la inteiramente, esses flagelos tão terríveis não pareceriam mais do que tempestades passageiras no destino do mundo.


Entre os flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, é preciso colocar na primeira linha a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais à produção da terra. Mas o homem encontrou na ciência, nos trabalhos de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, na rotatividade das culturas e nas irrigações, no estudo das condições higiênicas, os meios de neutralizar ou de pelo menos atenuar os desastres. Algumas regiões, antigamente assoladas por terríveis flagelos, não estão preservadas hoje? Que não fará, portanto, o homem pelo seu bem-estar material quando souber aproveitar todos os recursos de sua inteligência e quando, aos cuidados de sua conservação pessoal, souber aliar o sentimento da verdadeira caridade por seus semelhantes? (Veja a questão 707.)