terça-feira, 10 de abril de 2012

capítulo XXI - Identidade dos Espíritos


Objeta-se muitas vezes aos espíritas que as comunicações, em seu conjunto, apresentam um caráter muito vago, são destituídas de indicações, revelações e fatos bem definidos, suscetíveis de estabelecer a identidade dos manifestantes e impor a convicção aos investigadores. Certamente, não é possível desconhecer essas dificuldades. Elas são inerentes à própria natureza das coisas e às diferenças de meio. Os seres que vivem num mesmo plano, como os homens, dotados dos mesmos sentidos, comunicam entre si por diferentes processos, que são outros tantos elementos de certeza. Esses diferentes modos de observação e verificação utilizáveis no habitat humano, nós o quereríamos tornar extensivos ao domínio do invisível, e exigimos de seus habitantes manifestações assaz probatórias, de uma precisão igual às que asseguram nossa convicção na ordem física. Ora, eis aí uma coisa quase irrealizável. O habitante do plano invisível tem que vencer muitos obstáculos para se comunicar. Os meios de que dispõe para nos esclarecer e persuadir são restritos. Ele não se pode manifestar sem médium e o médium, inconscientemente, introduz quase sempre uma parte de si mesmo, de sua mentalidade, nas manifestações.


O Espírito que quer exprimir seu pensamento serve-se de órgãos estranhos, experimenta grande embaço. É semelhante a uma pessoa que conversasse conosco numa situação muito incômoda que a privasse do uso de suas faculdades. É preciso conduzir-se discretamente a seu respeito, formular perguntas claras, mostrar paciência, benevolência, a fim de obter satisfatórios resultados.
“Meus caros amigos – dizia George Pelham a Hodeson e Hart – não me considereis com ânimo de críticos. Esforçar-nos por transmitir-vos nossos pensamentos, mediante o organismo de qualquer médium, é como se tentasse subir pelo tronco de uma árvore oca.” Robert Hyslop o repete a seu filho: “Todas as coisas se me apresentam com tanta clareza, e quando venho aqui para exprimi-las, James, não posso!”
O que diziam os Espíritos da Sra. Piper, afirmava-o o Guia do nosso grupo nestes termos: “No Espaço, tudo é para nós amplo, desembaraçado, fácil. Quando baixamos à Terra tudo se restringe, se amesquinha.”
Outra objeção é esta: na maior parte dos casos de identidade assinalados, os fatos e as provas, por meio dos quais se conseguiu determinar com certeza a personalidade dos manifestantes, são de natureza comum, às vezes mesmo trivial.

Léon Denis - No Invisível 

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