quarta-feira, 13 de junho de 2012

Almas Gêmeas




Pesquisando, encontramos no Livro dos Espíritos alusões à questão.

Quais sejam:
Questão 298. As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia se reunirá? “Não; não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade.”

299. Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos? “A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade de outro, separados os dois, estariam ambos incompletos.”

300. Se dois Espíritos perfeitamente simpáticos se reunirem, estarão unidos para todo o sempre, ou poderão separar-se e unir-se a outros Espíritos? “Todos os Espíritos estão reciprocamente unidos. Falo dos que atingiram a perfeição. Nas esferas inferiores, desde que um Espírito se eleva, já não simpatiza, como dantes, com os que lhe ficaram abaixo.”

301. Dois Espíritos simpáticos são complemento um do outro, ou a simpatia entre eles existente é resultado de identidade perfeita? “A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos. Se um tivesse que completar o outro, perderia a sua individualidade.”

No livro “O Consolador”, Emmanuel também aborda o tema:

“No sagrado mistério da vida, cada coração possui no Infinito a alma gêmea da sua, companheira divina para a viagem à gloriosa imortalidade. (...) A união perene é-lhes a aspiração suprema e indefinível. Milhares de seres, se transviados no crime ou na inconsciência, experimentaram a separação das almas que os sustentam, como a provação mais ríspida e dolorosa, e, no drama das existências mais obscuras, vemos sempre a atração eterna das almas que se amam mais intimamente, envolvendo umas para as outras num turbilhão de ansiedades angustiosas; atração que é superior a todas as expressões convencionais da vida terrestre. Quando se encontram no acervo real para os seus corações – a da ventura de sua união pela qual não trocariam todos os impérios do mundo, e a única amargura que lhes empana a alegria é a perspectiva de uma nova separação pela morte (...)”.

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A texto acima não contradiz o exposto no Livro dos Espíritos.

Em resposta ao questionamento da Federação Espírita Brasileira (FEB) sobre a possível contradição ao Livro dos Espíritos, Emmanuel explica em nota que com o termo “almas gêmeas” ele não se refere a “metades eternas”.

Diz Emmanuel, que por almas gêmeas ele se refere a espíritos simpáticos uns aos outros, que se buscam, sempre que separados, e para as quais a união perene é a aspiração suprema.

Assim, fica resolvida a questão: de acordo com a Doutrina Espírita como podemos ver nas questões 291 a 303 do Livro dos Espíritos, não existem almas gêmeas.

O que existem são afinidades que se desenvolvem ao longo de nossa estrada evolutiva.

Emmanuel mostra-nos que o Amor – com “a” maiúsculo - entre almas pode ser construído em sucessivas encarnações a ponto de se estabelecerem como duplas evolutivas, uma auxiliando à outra na jornada do crescimento. É muito diferente de olharmos a companheira ou companheiro como alma gêmea romanticamente, ou seja, tendendo a atribuir todo o peso da idealização de alguém que transformaria nossas vidas, correspondendo às nossas carências afetivas.

O propósito de todo Espírito – segundo o Espiritismo - é a evolução espiritual. Sabemos que quanto mais evoluído for o espírito, menos exclusivismos – de qualquer forma - ele devota a qualquer outro.

Irmãos, o amor universal se desenvolve, com toda sua força e esplendor, sem preferências a ninguém e com muita misericórdia a todos!

De acordo com a Psicanálise, o conceito de almas gêmeas é uma ilusão que tenta preencher uma carência emocional e criar uma razão externa para os insucessos amorosos ou para uma esperança de realização. Assim, vamos nos isentando de reflexões sobre nosso comportamento em uma relacionamento e nos consolando sabendo que nossa metade está em algum lugar, nos aguardando e procurando por nós.

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