domingo, 15 de novembro de 2015

Mensagem psicografada por Maria Modesto Cravo sobre os atentados em Paris

Os atentados terroristas em Paris são como uma febre no organismo social. Dói, incomoda e leva a procurar um remédio. E a febre é apenas o sintoma de um drama de natureza moral e espiritual que nunca esteve tão elevado em toda a história da humanidade terrena. O terrorismo nada mais é que a velha necessidade do homem de anular a diferença para preponderar. No caso, usando a lamentável atitude de violência. O nome desse sentimento é poder. Poder é a coroa de ouro das organizações mais sombrias de todos os tempos. É a mais antiga doença do ser espiritual que faz seu aprendizado nessa escola de provas e expiações onde o egoísmo ainda é soberano. Uma espessa camada miasmática se forma na chamada psicosfera, a parte astral do planeta mais próxima da matéria física. Esse cinturão de sombras é o resultado dos dejetos mentais da mente encarnada e desencarnada. Culpa, medo, ódio e poder se aglutinam junto a outras matérias mentais formando essa nuvem cinzenta e com vida própria. A Terra não colhe o fruto indigesto proveniente apenas das cabeças terroristas orientadas pela ganância extremista de grupos de poder. Cada vez que alguém tenta anular a diferença, é uma bomba lançada no fortalecimento desse cinturão de trevas em torno do planeta. Anular a diferença significa todo ato no qual não se consegue respeitar e reconhecer que o que pertence ao outro é de responsabilidade dele. Existe uma compulsiva e desastrosa necessidade no coração humano de convencer, controlar, mudar, transformar e moldar o outro aos seus modelos de viver. Isso é poder. Isso é terrorismo nos relacionamentos por meio de micro-violências. O terrorismo que explode no Bataclan é o efeito dessa onda miasmática milenar que assola nossa casa planetária. Quando você respeita o outro, quando você reconhece o direito do outro de viver a experiência que lhe convém, quando você percebe que só tem poder real é sobre você mesmo, as relações vão mudar, o mundo começará também a mudar. Tenham esperança. A febre social em Paris leva todos os continentes a procurarem ajuda na erradicação de suas doenças. Em meio às dolorosas convulsões nasce uma nova ordem que não tardará. Quer colaborar com esse novo tempo? Comece a desarmar-se. Retire esses explosivos de pretensões e endurecimento na conduta. Liberte-se dessa ânsia de preponderar seja onde for. Melhor que dominar é ser feliz. Contribua com a diminuição do terrorismo no nosso planeta abençoado. Deixe de querer ter razão sempre.___________________________________________ Eu, Maria Modesto Cravo, amante do Cristo e servidora do bem, lhes abençoo com paz. 14/11/15 _______________________fonte https://www.facebook.com/wanderleyoliveiraperfil?pnref=story

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A severidade pertencerá ao que instrui, mas o amor é o companheiro daquele que serve

— Os superiores que se disponham a trabalhar em benefício dos inferiores, em ação persistente e substancial, não lhes podem utilizar as armas, sob pena de se precipitarem no baixo nível deles. A severidade pertencerá ao que instrui, mas o amor é o companheiro daquele que serve. Sabemos que a educação, na maioria das vezes, parte da periferia para o centro; contudo, a renovação, traduzindo aperfeiçoamento real, movimenta-se em sentido inverso. Ambos os impulsos, todavia, são alimentados e controlados pelos poderes quase desconhecidos da mente. O espírito humano lida com a força mental, tanto quanto maneja a eletricidade, com a diferença, porém, de que se já aprende a gastar a segunda, no transformismo incessante da Terra, mal conhece a existência da primeira, que nos preside a todos os atos da vida. A rigor, portanto, não temos círculos infernais, de acordo com os figurinos da antiga teologia, onde se mostram indefinidamente gênios satânicos de todas as épocas e, sim, esferas obscuras em que se agregam consciências embotadas na ignorância, cristalizadas no ócio reprovável ou confundidas no eclipse temporário da razão. Desesperadas e in¬submissas, criam zonas de tormentos reparadores. Semelhantes criaturas, no entanto, não se regeneram à força de palavras. Necessitam de amparo eficiente que lhes modifique o tom vibratório, ele-vando-lhes o modo de sentir e pensar. Eminentes pensadores do mundo traçam diretrizes à salvação das almas; mas somos de parecer que possuímos suficiente número de roteiros nesse sentido, em todos os setores do conhecimento terrestre. Reclamamos, na atualidade, quem ajude o pensamento do homem na direção do Alto. Em-preender o tentame, incentivando-se tão somente os valores culturais, seria consagrar a tecnocracia, que procura a simples mecanização da vida, destruindo-lhe as sementes gloriosas de improvisação, de infinito e de eternidade. Grandes políticos e veneráveis condutores nunca se ausentaram do mundo. Passam pela multidão, sacudindo-a ou arregimentando-a. É forçoso reconhecer, porém, que a organização humana, por si só, não atende às exi-gências do ser imperecível. Péricles, o estadista que legou seu nome a um século, realiza edificante trabalho educativo, junto dos gregos; entretanto, não lhes atenua a belicosidade e os pruridos de hegemonia, sucumbindo ao assédio de aflitivo desgosto. Alexandre, o conquistador, organiza vastíssimo império, estabelecendo uma civilização respeitável; no entanto, não impede que os seus generais prossigam em conflitos sanguinolentos, difundindo o saque e a morte. Augusto, o Divino, unifica o Império Romano em sólidos alicerces, concretizando avançado pro¬grama político em benefício de todos os povos, mas não consegue banir de Roma o desvario pela dominação a qualquer preço. Constantino, o Grande, advogado dos cristãos indefesos, oferece novo padrão de vida ao Planeta; contudo, não modifica as disposições detestáveis de quantos guerreavam em nome de Deus. Napoleão, o ditador, impõe novos métodos de progresso material, em toda a Terra; mas não se furta, ele próprio, às garras da tirania, pela simples ganância da posse. Pasteur, o cientista, defende a saúde do corpo humano, devotando-se, abnegado, ao combate silencioso contra a selva microbiana; todavia, não pode evitar que seus contemporâneos se destruam reciprocamente em disputas incompreensíveis e cruéis. Permanecemos diante de um mundo civilizado na superfície, que reclama não só a presença daqueles que ensinam o bem, mas principalmente da-queles que o praticam. Sobre os mananciais da cultura, nos vales da Terra, é imprescindível que desçam as torrentes da compaixão do Céu, através dos montes do amor e da renúncia. Cristo não brilha apenas pelo ensino sublimado. Resplandece na demonstração. Em companhia d’Ele, é indispensável mantenhamos a coragem de amparar e salvar, descendo aos recessos do abismo. Não longe de nossa paz relativa, em círculos escuros de desencanto e desesperação, misturam-se milhões de seres, conclamando comiseração... Por¬que não acender piedosa luz, dentro da noite em que se mergulham, desorientados? porque não se¬mear esperança entre corações que abdicaram da fé em si mesmos? A frente, pois, de imensas coletividades em dolorosa petição de reajustamento, faz-se inadiável o auxílio restaurador. Somos entidades ainda infinitamente humildes e imperfeitas para nos candidatarmos, de pronto, à condição dos anjos. Comparada à grandeza, inabordável para nós, de milhões de sóis que obedecem a leis soberanas e divinas, em pleno Universo, a nossa Terra, com todas as esferas de substância ultra-física que a circundam, pode ser considerada qual laranja minúscula, perante o Himalaia, e nós outros, confrontados com a excelsitude dos Espíritos Superiores, que dominam na sabedoria e na santidade, não passamos, por enquanto, de bactérias, controladas pelo impulso da fome e pelo magnetismo do amor. Entretanto, guindados a singelas culminâncias da inteligência, somos micróbios que sonham com o crescimento próprio para a eternidade. Enquanto o homem, nosso irmão, desintegra assombrado as formações atômicas, nós outros, distanciados do corpo denso, estudamos essa mesma energia através de aspectos que a ciência terrestre, por agora, mal conseguiria imaginar. Caminheiros, porém, que somos do progresso infinito, principiamos apenas, ele e nós, a sondar a força mental, que nos condiciona as manifestações nos mais variados planos da natureza. Encarcerados ainda na lei de retorno, temos efetuado multisseculares recapitulações, por milênios consecutivos. Expressando-nos coletivamente, sabemos hoje que o espírito humano lida com a razão há, precisamente, quarenta mil anos... Todavia, com o mesmo furioso ímpeto com que o homem de Neandertal aniquilava o companheiro, a golpes de sílex, o homem da atualidade, classificada de gloriosa era das grandes potências, extermina o próprio irmão a tiros de fuzil. Os investigadores do raciocínio, ligeiramente tisnados de princípios religiosos, identificam tão somente, nessa anomalia sinistra, a renitência da imperfeição e da fragilidade da carne, como se a carne fosse permanente individuação diabólica, esquecidos de que a matéria mais densa não é senão o conjunto das vidas inferiores incontáveis, em processo de aprimoramento, crescimento e libertação. Nos campos da Crosta Planetária, queda-se a inteligência, qual se fora anestesiada por perigo-soa narcóticos da ilusão; no entanto, auxiliá-la-emos a sentir e reconhecer que o espírito permanece vi¬brando em todos os ângulos da existência. Cada espécie de seres, do cristal até o homem, e do homem até o anjo, abrange inumeráveis famílias de criaturas, operando em determinada fre-quência do Universo. E o amor divino alcança-nos a todos, à maneira do Sol que abraça os sábios e os vermes. Todavia, quem avança demora-se em ligação com quem se localiza na esfera próxima. O domínio vegetal vale-se do império mineral para sustentar-se e evoluir. Os animais aproveitam os vegetais na obra de aprimoramento. Os homens se socorrem de uns e outros para crescerem mentalmente e prosseguir adiante... Atritam os reinos da vida, conhecidos na Terra, entre si. Torturam-se e entredevoram-Se, através de rudes experiências, a fim de que os valores espirituais se desenvolvam e resplandeçam, refletindo a divina luz... Nesse ponto, o esclarecido Ministro fêz longa pausa, fitou-nos, bondoso, e continuou: — Mas... além do principado humano, para lá das fronteiras sensoriais que guardam ciosamente a alma encarnada, amparando-a com limitada visão e benéfico esquecimento, começa vasto império espiritual, vizinho dos homens. Ai se agitam milhões de Espíritos imperfeitos que partilham, com as criaturas terrenas, as condições de habitabilidade da Crosta do Mundo. Seres humanos, situados noutra faixa vibratória, apoiam-se na mente encarnada, através de falanges incontáveis, tão semiconscientes na responsabilidade e tão incompletas na virtude, quanto os próprios homens. A matéria, congregando milhões de vidas embrionárias, é também a condensação da energia, atendendo aos imperativos do “eu” que lhe preside à destinação. Do hidrogênio às mais complexas unidades atômicas, é o poder do espírito eterno a alavanca diretora de prótons, nêutrons e eléctrons, na es¬trada infinita da vida. Demora-se a inteligência corporificada no círculo humano em transitória região, adaptada às suas exigências de progresso e aperfeiçoamento, dentro da qual o protoplasma lhe faculta instrumentos de trabalho, crescimento e expansão. Entretanto, nesse mesmo espaço, alon¬ga-se a matéria noutros estados, e, nesses outros estados, a mente desencarnada, em viagem para o conhecimento e para a virtude, radica-se na esfera física, buscando dominá-la e absorvê-la, estabele¬cendo gigantesca luta de pensamento que ao homem comum não é dado calcular. Frustrados em suas aspirações de vaidoso do¬mínio no domicílio celestial, homens e mulheres de todos os climas e de todas as civilizações, depois da morte, esbarram nessa região em que se prolongam as atividades terrenas e elegem o instinto de soberania sobre a Terra por única felicidade digna do impulso de conquistar. Rebelados filhos da Providência, tentam desacreditar a grandeza divina, estimulando o poder autocrático da inteligência in¬submissa e orgulhosa e buscam preservar os círculos terrestres para a dilatação indefinida do ódio e da revolta, da vaidade e da criminalidade, como se o Planeta, em sua expressão inferior, lhes fôsse paraíso único, ainda não integralmente submetido a seus caprichos, em vista da permanente discórdia reinante entre eles mesmos. É que, confinados ao berço escabroso da ignorância em que o medo e a maldade, com inquietudes e perseguições recíprocas, lhes consomem as forças e lhes inutilizam o tempo, não se apercebem da situação dolorosa em que se acham. Fora do amor verdadeiro, toda união é temporária e a guerra será sempre o estado natural daqueles que perseveram na posição de indisciplina. Um reino espiritual, dividido e atormentado, cerca a experiência humana, em todas as direções, intentando dilatar o domínio permanente da tirania e da força. Sabemos que o Sol opera por meio de radia¬ções, nutrindo, maternalmente, a vida a milhões de quilômetros. Sem nos referirmos às condições da matéria em que nos movimentamos, lembremo-nos de que, em nosso sistema, as existências mais rudimentares, desde os cumes iluminados aos recôncavos das trevas, estão sujeitas à sua influenciação. Como acontece aos corpos gigantescos do Cosmos, também nós outros, espiritualmente, caminhamos para o zênite evolutivo, experimentando as radiações uns dos outros. Nesse processo multiforme de intercâmbio, atração, imantação e repulsão, aperfeiçoam-se mundos e almas, na comunidade universal. Dentro de semelhante realidade, toda a nossa atividade terrestre se desdobra num campo de influências que nem mesmo nós, os aprendizes huma¬nos em círculos mais altos, poderíamos, por en¬quanto, determinar. Incapacitados de prosseguir além do túmulo, a caminho do Céu que não souberam conquistar, os filhos do desespero organizam-se em vastas colônias de ódio e miséria moral, disputando, entre si, a do¬minação da Terra. Conservam, igualmente, quanto ocorre a nós mesmos, largos e valiosos patrimônios intelectuais e, anjos decaídos da Ciência, buscam, acima de tudo, a perversão dos processos divinos que orientam a evolução planetária. Mentes cristalizadas na rebeldia, tentam sola-par, em vão, a Sabedoria Eterna, criando quistos de vida inferior, na organização terrestre, entrincheiradas nas paixões escuras que lhes vergastam as consciências. Conhecem inumeráveis recursos de perturbar e ferir, obscurecer e aniquilar. Escravizam o serviço benéfico da reencarnação em grandes setores expiatórios e dispõem de agentes da discórdia contra todas as manifestações dos sublimes propósitos que o Senhor nos traçou às ações. Os homens terrenos que, semi-libertos do cor¬po, lhes conseguiram identificar, de algum modo, a existência, recuaram, tímidos e espavoridos, espalhando entre os contemporâneos as noções de um inferno punitivo e infindável, encravado em tenebrosas regiões além da morte. A mente infantil da Terra, embalada pela ternura paternal da providência, através da teologia comum, nunca pôde apreender, mais intensivamente, a realidade espiritual que nos governa os destinos. Raros compreendem na morte simples modificação de envoltório, e escasso número de pessoas, ainda mesmo em se tratando dos religiosos mais avançados, guardaram a prudência de viver, no vaso físico, de conformidade com os princípios superiores que esposaram. Somos defrontados, agora, pela necessidade da proclamação de verdades velhas para os velhos ouvidos e novas para os ouvidos novos da inteligência juvenil situada no mundo.______________________________________________Extraído do livro Libertação

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A surpresa sublime

Aprender será sempre valioso trabalho para o coração. Logo após minha vinda, observando que o combate pela extensão do bem se desdobra em todas as direções, acreditei na possibilidade de prosseguir no mesmo diapasão de atividade intensiva a que me consagra na Terra. A luz interior revelada por vários amigos, sem que a mínima réstea de claridade me assinalasse a presença, constituía a primeira evidência a sugerir a modificação de minha atitude mental. De que me valeria o demasiado movimento, sem probabilidades de realização benéfica? Ali, o serviço pautava-se em linhas diferentes. Dentro do novo plano, a garantia do êxito permanece exclusivamente no indivíduo. Tal como o veículo precisa de combustível para se locomover, necessitava eu do fator qualidade para a nova luta em que ingressara. Semelhante impressão jazia mal esboçada em mim, quando o encontro com o infeliz perseguidor ma impôs violentamente. Dele ouvira referências amargas que me dilaceraram o ser; entretanto, reconheci tamanho proveito nas reprimendas recebidas, que julguei precioso serviço continuar registrando as impressões das almas perturbadas, a meu respeito. Não seria esse o recurso de realizações vindouras? Depois da morte, o julgamento, por mais desagradável, é uma bênção. Pouco a pouco entendi que era necessário ouvir com humildade, a fim de agir com proveito. O contacto direto com um obsessor vulgar aclarara-me a consciência. Salientara ele as sombras que ainda me envolviam e que os abnegados amigos da primeira hora velavam, movidos de piedade evangélica. É imprescindível evitar a precipitação, e meditar antes de atacar novas obras.____________ _______________-Irmão Jacob (espírito) Da Obra “Voltei“ – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Um caso de letargia

Em um livro de memórias que nossos dirigentes espirituais nos aconselharam escrever, existem as seguintes páginas, que dali extraimos para o presente volume, oferecendo-as à meditação do leitor, pois jamais devemos desprezar fatos autênticos que atestem a verdade espírita. Escrevemo-las num grande desabafo, pois tantos foram os fatos espíritas que desde a infância rodearam a nossa vida, que, em verdade, nossa consciência se acusaria se os retivéssemos somente para deleite das nossas recordações. Eis as aludidas páginas: — «Creio que nasci médium já desenvolvido, pois jamais me dei ao trabalho de procurar desenvolver faculdades medianímicas. Algumas faculdades se apresentaram ainda em minha primeira infância: a vidência, a audição e o próprio desdobramento em corpo astral, com o curioso fenômeno da morte aparente. Creio mesmo, e o leitor ajuizará, que o primeiro grande fenômeno mediúnico ocorrido comigo se verificou quando eu estava apenas vinte e nove dias de existência. Tendo vindo ao mundo na noite de Natal, 24 de Dezembro, a 23 de Janeiro, durante um súbito acesso de tosse, em que sobreveio sufocação, fiquei como morta. Tudo indica que, em existência pretérita, eu morrera afogada por suicídio, e aquela sufocação, no primeiro mês do meu nascimento, nada mais seria que um dos muitos complexos que acompanham o Espírito do suicida, mesmo quando reencarnado, reminiscências mentais e vibratórias que o traumatizam por períodos longos, comumente. Durante seis horas consecutivas permaneci com rigidez cadavérica, o corpo arroxeado, a fisionomia abatida e macilenta do cadáver, os olhos aprofundados, o nariz afilado, a boca cerrada e o queixo endurecido, enregelada, sem respiração e sem pulso. O único médico da localidade — pequena cidade do Sul do Estado do Rio de Janeiro, hoje denominada Rio das Flores, mas então chamada Santa Teresa de Valença —, o único médico e o farmacêutico, examinando-me, constataram a morte súbita por sufocação, à falta de outra «causa mortis» mais lógica. A certidão de óbito foi, portanto, legalmente passada. Minha avó e minhas tias trataram de me amortalhar para o sepultamento, à tarde, pois o «óbito» ocorrera pela manhã, bem cedo. Eu era recém-chegada na família e, por isso, ao que parece, «minha morte» não abalava o sentimento de ninguém, pois, havendo ao todo vinte e oito pessoas na residência rural de minha avó materna, onde nasci, porqüanto a família se havia reunido para as comemorações do Natal e do Ano-Novo, ninguém demonstrava pesar pelo acontecimento, muito ao contrário do que se passara na residência do fariseu Jairo, há quase dois mil anos... Vestiram-me então de branco e azul, como o «Menino Jesus», com rendinhas prateadas na túnica de cetim, faixas e estrelinhas, e me engrinaldaram a fronte com uma coroa de rosinhas brancas. Chovia torrencialmente e esfriara o tempo, numa localidade própria para o veraneio, como é a minha cidade natal. A eça mortuária, uma mesinha com toalhas rendadas, com as velas e o crucifixo tradicional, encontrava-se à minha espera, solenemente preparada na sala de visitas. Nem minha mãe chorava. Mas esta não chorava porque não acreditava na minha morte. Opunha-se terminantemente que me expusessem na sala e encomendassem o caixão mortuário. A fim de não excitá-la, deixaram-me no berço mesmo, mas encomendaram o caixãozinho, todo branco, bordado de estrelinhas e franjas douradas... Minha mãe, então, quando havia já seis horas que eu me encontrava naquele estado insólito, conservando-se ainda católica romana, por aquele tempo, e vendo que se aproximava a hora do enterro, retirou-se para um aposento solitário da casa, fechou-se nele, acompanhou-se de um quadro com estampa representando Maria, Mãe de Jesus, e, com uma vela acesa, prostrou-se de joelhos ali, sôzinha, e fêz a invocação seguinte, concentrando-se em preces durante uma hora: — «Maria Santíssima, Santa Mãe de Jesus e nossa Mãe, vós, que também fostes mãe e passastes pelas aflições de ver padecer e morrer o vosso Filho sob os pecados dos homens, ouvi o apelo da minha angústia e atendei-o, Senhora, pelo amor do vosso Filho: Se minha filha estiver realmente morta, podereis levá-la de retorno a Deus, porque eu me resignarei à inevitável lei da morte. Mas se, como creio, ela estiver viva, apenas sofrendo um distúrbio cuja causa ignoramos, rogo a vossa intervenção junto a Deus Pai para que ela torne a si, a fim de que não seja sepultada viva. E como prova do meu reconhecimento por essa caridade que me fareis eu vo-la entregarei para sempre. Renunciarei aos meus direitos sobre ela a partir deste momento! Ela é vossa! Eu vo-la entrego! E seja qual for o destino que a esperar, uma vez retorne à vida, estarei serena e confiante, porque será previsto pela vossa proteção. Muitas vezes, durante a minha infância, minha mãe narrava-me esse episódio da nossa vida por entre sorrisos de satisfação, repetindo cem vezes a prece que aí fica, por ela inventada no momento, acrescentando-a do PaiNosso e da Ave-Maria, e, igualmente entre sorrisos, era que eu a ouvia dizer, tornando-me então muito eufórica por isso mesmo: — Eu nada mais tenho com você... Você pertence a Maria, Mãe de Jesus... Entrementes, ao se retirar do aposento, onde se dera a comunhão com o Alto, minha mãe abeirou-se do meu insignificante fardo carnal, que continuava imerso em catalepsia, e tocou-o carinhosamente com as mãos, repetidas vezes, como se transmitisse energias novas através de um passe. Então, um grito estridente, como de susto, de angústia, acompanhado de choro inconsolável de criança, surpreendeu as pessoas presentes. Minha mãe, provável veículo dos favores caritativos de Maria de Nazaré, levantou-me do berço e despiu-me a mortalha, verificando que a grinalda de rosinhas me ferira a cabeça. As velas que deveriam alumiar o meu cadáver foram retiradas e apagadas, a eça foi destituída das solenes toalhas rendadas, o crucifixo retornou ao oratório de minha avó e a casa funerária recebera de volta um caixão de «anjinho», porque eu revivera para os testemunhos que, de direito, fôssem por mim provados, como espírito revel que fora no passado... e revivera sob o doce influxo maternal de Maria, Mãe de Jesus. Recordando, agora, nestas páginas, esse patético episódio de minha presente existência, a mim narrado tantas vezes pelos meus familiares, nele prefiro compreender também um símbolo, a par do fenômeno psíquico: ingressando na vida terrena para uma encarnação expiatória, eu deveria, com efeito, morrer para mim mesma, renunciando ao mundo e às suas atrações, para ressuscitar o meu espírito, morto no pecado, através do respeito às leis de Deus e do cumprimento do dever, outrora vilipendiado pelo meu livre arbítrio. Não obstante, que seria o fato acima exposto se não a faculdade que comigo viera de outras etapas antigas, o próprio fenômeno mediúnico que ocorre ainda hoje, quando, às vezes, espontaneamente, advêm transes idênticos ao acima narrado, enquanto, em espírito, eu me vejo acompanhando os Instrutores Espirituais para com eles socorrer sofredores da Terra e do Espaço, ou assistir, sob seus influxos vibratórios mentais, aos dramas do mundo invisível, que mais tarde são descritos em romances ou historietas? Aos quatro anos de idade já eu me comunicava com Espíritos desencarnados, através da visão e da audição: via-os e falava com eles. Eu os supunha seres humanos, uma vez que os percebia com essa aparência e me pareciam todos muito concretos, trajados como quaisquer homens e mulheres. Ao meu entender de então, eram pessoas da família, e por isso, talvez, jamais me surpreendi com a presença deles. Uma dessas personagens era-me particularmente afeiçoada: eu a reconhecia como pai e a proclamava como tal a todos os de casa, com naturalidade, julgando-a realmente meu pai e amando-a profundamente. Mais tarde, esse Espírito tornou-se meu assistente ostensivo, auxiliando-me poderosamente a vitória nas provações e tornando-se orientador dos trabalhos por mim realizados como espírita e médium. Tratava-se do Espírito Charlies, já conhecido do leitor através de duas obras por ele ditadas à minha psicografia: Amor e Ódio e Nas Voragens do Pecado.__________________________________________________RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE YVONNE DO AMARAL PEREIRA DITADO PELO ESPÍRITO ADOLFO BEZERRA DE MENEZES

domingo, 21 de junho de 2015

Jesus - Evangelho Segundo o Espiritismo

Da suposição de que Jesus devia conhecer a seita dos essênios, seria errado concluir que ele bebeu nessa seita a sua doutrina, e que , se tivesse vivido em outro meio professaria outros princípios. As grandes idéias não aparecem nunca de súbito. As que têm a verdade por base contam sempre com precursores, que lhes preparam parcialmente o caminho. Depois, quando o tempo é chegado, Deus envia um homem com a missão de resumir, coordenar e completar os elementos esparsos, com eles formando um corpo de doutrina. Dessa maneira, não tendo surgido bruscamente, a doutrina encontra, ao aparecer, espíritos inteiramente preparados para a aceitar. Assim aconteceram com as idéias cristãs, que foram pressentidas muitos séculos antes de Jesus e dos essênios, e das quais foram Sócrates e Platão os principais precursores. Sócrates, como o Cristo, nada escreveu, ou pelo menos nada deixou escrito. Como ele, morreu a morte dos criminosos, vítima do fanatismo, por haver atacado as crenças tradicionais e colocado à verdadeira virtude acima da hipocrisia e da ilusão dos formalismos, ou seja: por haver combatido os preconceitos religiosos. Assim como Jesus foi acusado pelos fariseus de corromper o povo com os seus ensinos, ele também foi acusado pelos fariseus do seu tempo— pois os que os tem havido em todas as épocas, — de corromper a juventude, ao proclamar o dogma da unicidade de Deus, da imortalidade da alma e da existência da vida futura. Da mesma maneira porque hoje não conhecemos a doutrina de Jesus senão pelos escritos dos seus discípulos, também não conhecemos a de Sócrates, senão pelos escritos do seu discípulo Platão. Consideramos útil resumir aqui os seus pontos principais, para demonstrar sua concordância com os princípios do Cristianismo. Aos que encarassem este paralelo como uma profanação, pretendendo não ser possível haver semelhanças entre a doutrina de um pagão e a do Cristo, responderemos que a doutrina de Sócrates não era pagã, pois tinha por finalidade combater o paganismo, e que a doutrina de Jesus, mais completa e mais depurada que a de Sócrates, nada tem a perder na comparação. A grandeza da missão divina do Cristo não poderá ser diminuída. Além disso, trata-se de fatos históricos, que não podem ser escondidos. O homem atingiu um ponto em que a luz sai por si mesma debaixo do alqueire e o encontra maduro para a enfrentar. Tanto pior para os que temem abrir os olhos. E chegado o tempo de encarar as coisas do alto e com amplitude, e não mais do ponto de vista mesquinho e estreito dos interesses de seitas e de castas. Estas citações provarão, além disso, que, se Sócrates e Platão pressentiram as idéias cristãs, encontram-se igualmente na sua doutrina os princípios fundamentais do Espiritismo.

A Lei do Amor

LÁZARO Paris, 1862 ------------- 8 – O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado. No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento. Não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior, que reúne e condensa em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei do amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais. Feliz aquele que, sobrelevando-se à humanidade, ama com imenso amor os seus irmãos em sofrimento! Feliz aquele que ama, porque não conhece as angústias da alma, nem as do corpo! Seus pés são leves, e ele vive como transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou essa palavra divina, — amor — fez estremecerem os povos, e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo. O Espiritismo, por sua vez, vem pronunciar a segunda palavra do alfabeto divino. Ficai atentos, porque essa palavra levanta a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, vencendo a morte, revela ao homem deslumbrado o seu patrimônio intelectual. Mas já não é mais aos suplícios que ela conduz, e sim à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito, e o Espírito deve agora resgatar o homem da matéria. Disse que o homem, no seu início, tem apenas instintos. Aquele, pois, em que os instintos dominam, está mais próximo do ponto de partida que do alvo. Para avançar em direção ao alvo, é necessário vencer os instintos a favor dos sentimentos, ou seja, aperfeiçoar a estes, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões dos sentimentos. Trazem consigo o progresso, como a bolota oculta o carvalho. Os seres menos adiantados são os que, libertando-se lentamente de sua crisálida, permanecem subjugados pelos instintos. O Espírito deve ser cultivado como um campo. Toda a riqueza futura depende do trabalho atual. E mais que os bens terrenos, ele vos conduzirá à gloriosa elevação. Será então que, compreendendo a lei do amor, que une a todos os seres, nela buscareis os suaves prazeres da alma, que são o prelúdio das alegrias celestes *________________________FÉNELON______________________________Bordeaux, 1861

domingo, 14 de junho de 2015

Os espíritos e os astros

Nas sessões mediúnicas da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, dirigidas pelo próprio Kardec, não se manifestavam apenas Espíritos terrenos. Entidades pertencentes a outros mundos comunicavam-se dando curiosas informações sobre a vida no Cosmos. A coleção da Revista Espírita, correspondente ao período em que Kardec a redigiu, durante quase doze anos, oferece-nos várias dessas comunicações. E mesmo antes desse período, como vemos em O Livro dos Espíritos, o Codificador foi seguramente informado por Espíritos de evidente elevação sobre os diferentes graus de evolução dos mundos, as inumeráveis moradas da Casa do Pai, segundo a conhecida expressão de Jesus registrada nos Evangelhos. Episódio altamente significativo, menosprezado e ridicularizado pelos adversários da Doutrina, foi o da comunicação de Mozart e Bernard Pallissy, que se diziam reencarnados em Jú-piter. Vários desenhos de aspectos da vida em Júpiter foram transmitidos por esses dois Espíritos, servindo de médium desenhista o famoso teatrólogo Victorien Sardou que por sinal nunca se havia entregado a essa arte, para a qual não dispunha, em seu estado normal, de nenhuma habilidade. Segundo disseram esses Espíritos, Marte seria o planeta mais inferior do nosso sistema solar e Júpiter o mais elevado. As descrições mediúnicas de Marte nos oferecem uma visão do que podemos chamar o Averno espírita, enquanto Júpiter se define como o Olimpo espírita. As pesquisas astronômicas posteriores e as da Astronáutica em nossos dias não desmentem essas informações, no tocante ao que foi possível constatar até agora. É verdade que também ainda não as confirmaram, mas sugerem a confirmação. No caso de Marte, os Espíritos revelaram tratar-se de um planeta de precárias condições de vida, habitado por criaturas subumanas e com vastas regiões de completa aridez. Essas con-dições estão hoje positivadas pelas sondas espaciais, mas a existência de vida humana ainda não foi verificada. Continua, entretanto, como possibilidade, pois Marte possui atmosfera e água. No tocante a Júpiter, os astrônomos constataram que se trata do maior planeta do sistema, apesar disso extremamente leve. Chegou-se mesmo a formular a teoria de que Júpiter seria um pequeno planeta de constituição sólida, mas envolvido por enorme camada de gás congelado. Essa hipótese corresponde à informação espiritual de que Júpiter é de constituição diferente da Terra, formado por matéria rarefeita. Daí a sua extrema leveza, apesar de seu grande volume. A população de Júpiter, segundo os Espíritos, seria constituída de corpos materiais bastante leves, equivalendo ao nosso corpo espiritual. Kardec registrou essas informações e considerou-as lógicas, mas lembrou que a sua aceitação como reais dependeria de investigações futuras, naturalmente a cargo dos astrônomos, pois o assunto não pertence especificamente à Ciência Espírita, cujo objeto é o espírito humano e suas relações com os homens. O critério científico de Kardec na pesquisa espírita ficou mais uma vez bem patente com esse curioso episódio. Hoje, com o desenvolvimento acelerado das pesquisas cósmicas, a Astronáutica é a Ciência incumbida desse problema. E a teoria espírita da pluralidade dos mundos habitados, que o astrônomo Camille Flammarion, também médium de Kardec, aprovou corajosamente, já se tornou opinião pacífica nos meios científicos. Pouco a pouco vão se fazendo as provas da existência de vida semelhante à da Terra em outros mundos e outras galáxias. O Espiritismo considera o homem como um herdeiro do Cosmos. Seu destino não é apenas a Terra, durante a vida orgânica, e o mundo espiritual depois da morte. As Moradas da Casa do Pai o aguardam no Infinito. Por isso a expansão marítima do século XVI começa agora a ser ampliada com a expansão celeste. Novas Sagres se instalaram na Terra e as proas de suas naves não apontam para a imensidade oceânica, mas para a infinitude dos céus. Vamos descobrir as terras estelares, como os navegantes portugueses e espanhóis descobriram no seu tempo as terras oceânicas. Ao lado da Astronáutica material, porém, existe a Astronáutica espiritual. Os homens não avançam no espaço cósmico tão somente em naves construídas de metal. Avançam em seus escafandros espirituais, em astronaves etéreas. São as almas viajoras de que falava Plotino, o sucessor de Platão na era helenística. Emigram de um mundo para outro no Cosmos, da mes-ma forma que emigram entre os continentes na Terra. Por duas maneiras, portanto, o Espiritismo nos abre as sendas do Infinito. A evolução terrena equipa o homem para a conquista material dos mundos de constituição semelhante à da Terra. A evolução espiritual equipa o espírito para a conquista dos mundos de constituição fluídica ou etérea. O homem, espírito encarnado, pode ser um astronauta do Cosmos físico, num raio de ação limitado pelas possibilidades materiais. O Espírito, homem desencarnado, é naturalmente um astronauta do Além, dispondo de possibilidades infinitas em suas incursões pelo Cosmos etéreo. A alma viajora de Plotino, que errava nas hipóstases do universo terreno, elevando-se aos planos espirituais com a morte e voltando ao plano terreno com a reencarnação, adquire no Espiritismo um alcance infinito em suas migrações. Bastaria esse aspecto da Doutrina para nos mostrar a sua plena integração na Era Cósmica. Neste livro não há comunicações sobre outros mundos. Estamos ainda muito empenhados em nossos problemas planetários que precisamos solucionar no âmbito doméstico da Terra, para cuidar de questões mais amplas. Mas nem por isso os Espíritos comunicantes deixam de ser astronautas do Além, pois descem das hipóstases do universo terreno, ou seja, dos mundos espirituais que circundam o nosso planeta, para nos traze-rem as mensagens de fraternidade de outros mundos. Essa a razão do título escolhido para este volume. Somos todos, na verdade, Astronautas do Além. Se estamos hoje no Aquém, imantados ao solo do planeta, é porque ainda nos encontramos na Escola de Sagres do infinito, sujeitando-nos aos cursos de preparação necessários ao controle futuro das viagens espaciais. E essa preparação abrange as técnicas diferenciadas, mas não obstante conjugadas, da Astronáutica física e da Astronáutica celeste. O desenvolvimento das faculdades psíquicas do homem se acelera em nossos dias porque a Era Cósmica já se iniciou. Os fenômenos paranormais de que trata a Parapsicologia constituem o equipamento etéreo dos astronautas físicos, pois sem a telepatia, a precognição, a retrocognição e a clarividência, nossos astronautas estarão sempre ameaçados pelas surpresas do meio cósmico. Os fenômenos paranormais nada mais são do que os fenômenos mediúnicos. Não existe um campo específico de fenômenos parapsicológicos. Os verdadeiros parapsicólogos não criam problemas com referência ao Espiritismo, pois sabem muito bem que estão trabalhando em campo espírita. Só os falsos parapsicó-logos, em geral incapazes de compreender a ciência que dizem cultivar e pretendem ensinar, estabelecem um conflito imaginário entre Parapsicologia e Espiritismo. Sofrem da cegueira mental do sectarismo ou de incompetência intelectual. São os beneficiários do preconceito cultural e religioso que impede até agora as nossas Universidades de acertarem o passo dos seus currículos estreitos com as dimensões maiores dos currículos mundiais. Vivem parasitando a ignorância acadêmica e sugando impunemente a ignorância popular, desarmada diante do assalto vampiresco à sua ingenuidade._Este livro prova, em seus vários capítulos, que refletem a vivência real da mediunidade em nossa terra, que os fatos mediúnicos são a matéria prima da pesquisa parapsicológica. Dispomos de uma tradição de mais de um século nesse terreno, mas os nossos meios universitários preferem marcar passo na retaguarda da cultura mundial, franqueando aos incompetentes e aos espertalhões os poderosos filões mediúnicos das nossas camadas populares. O material reunido neste volume corresponde ao período que vai de 14 de janeiro de 1973 a 21 de julho de 1973 na divulgação das mensagens psicográficas recebidas pelo médium Francisco Cândido Xavier, seguidas dos comentários de Irmão Saulo, pseudônimo de que nos servimos para a publicação de crônicas espíritas na imprensa, há mais de um quarto de século. Com este são três os volumes já publicados, sendo os dois anteriores os seguintes: Chico Xavier Pede Licença e Na Era do Espírito. Esses volumes documentam de maneira viva a atividade mediúnica de Francisco Cândido Xavier e seu relacionamento direto com a vida do nosso povo. As explicações do próprio médium sobre as condições e as motivações da recepção dessas mensagens constituem valioso material de estudo para todos os que realmente se interessam pelos problemas espirituais. São Paulo, 3 de outubro de 1973.________________J. Herculano Pires_______________________________________________Do livro Astronautas do além _ Francisco Cândido Xavier e Herculano Pires

terça-feira, 12 de maio de 2015

Legendas do Obreiro da Verdade

• Compreender que as necessidades e as esperanças dos outros são fundamentalmente iguais às nossas. • Auxiliar sem exigir que o beneficiado nos tome as ideias. • Reconhecer que a Divina Providência possui estradas inúmeras para socorrer as criaturas e iluminá-las. • Aprender a tolerar com paciência as pequenas humilhações, a fim de prestar os grandes testemunhos de sacrifício pessoal que a Causa da Verdade lhe reclamará possivelmente algum dia. • Esquecer-se pela obra que realiza. • Guiar-se pela misericórdia e não pela crítica. • Abençoar sem reprovar. • Construir ou reconstruir, sem ofender ou condenar. • Trabalhar sempre sem o propósito de ser ou parecer o maior ou o melhor ante os demais. • Cultivar ilimitadamente a cooperação e a caridade. • Coibir-se de irritação e de azedume. • Agir sem criar problemas. • Observar que sem a disciplina individual no campo do bem, a prática do bem se faz impossível. • Respeitar a personalidade dos companheiros. • Encontrar ocasião para atender à bênção da prece. • Deter-se nas qualidades nobres e olvidar as prováveis deficiências do próximo. • Valorizar o esforço alheio. • Nunca perder tempo. • Apagar inimizades ou discórdias através da desculpa fraterna e do serviço constante que devemos uns aos outros. Criar oportunidades de trabalho para si, ajudando aos outros no sentido de descobrirem as oportunidades de trabalho que lhes digam respeito à capacidade e às possibilidades de realização, conservando em tudo a certeza inalterável de que toda pessoa é importante na edificação do Reino de Deus.___________________________Emmanuel

sábado, 2 de maio de 2015

Reencarnação

A lei das reencarnações, esse retorno das almas sobre a Terra, suscita objeções às quais é necessário responder, temores que é preciso dissipar. Entre aqueles que interrogam, uns temem não mais reencontrar, no além, os seres que eles amaram aqui na Terra. Pergunta-se se, em virtude dessa lei, nós seremos separados dos membros atuais de nossas famílias e obrigados a prosseguir isoladamente, nossa lenta e penosa evolução. Outros estão apavorados pela perspectiva de retomar a tarefa terrestre, após uma vida laboriosa semeada de provas e de males. Apressemo-nos em tranqüilizá-los. A reencarnação é rápida, a estada do espírito no espaço é de curta duração somente no caso de crianças mortas com pouca idade. Tendo malogrado a sua tentativa para reaparecer no cenário terrestre, quase sempre por causas fisiológicas devidas à mãe, essa tentativa será renovada desde que condições favoráveis sejam apresentadas no mesmo meio. Caso contrário, o espírito se reencarnará nas proximidades desse meio, isto é, entre parentes ou amigos, de maneira a permanecer em relação com aqueles que ele tinha escolhido, em virtude de uma atração resultante de ligações anteriores, de forças afetivas que constituem uma certa afinidade fluídica. Os espíritos formam famílias numerosas cujos membros continuam através de suas múltiplas reencarnações. Enquanto que uns prosseguem sobre o plano material sua educação e sua evolução, outros ficam no Espaço para os proteger, na medida de seus meios, sustentá-los, inspirá-los, esperá-los a fim de os receber no término da vida terrestre. Mais tarde, esses aqui renascerão para a vida humana e, por sua vez, de protetores se tornarão protegidos. A duração da estada no Espaço é muito variável e, conforme o grau de evolução, pode durar muitos séculos ou somente algumas dezenas de anos, para os espíritos ambiciosos de progresso. Há sempre correlação entre a vida terrestre e a do Espaço. A família visível está sempre ligada à família invisível, mesmo sem seu conhecimento. Os afetos, os sentimentos provenientes dos laços estabelecidos no curso das vidas sucessivas, transmitem-se de um plano ao outro com maior intensidade quanto mais sutil for o estado vibratório dos seres que compõem essas famílias. A união perfeita que reina em certas famílias se explica pelas numerosas vidas comuns. Seus membros foram reaproximados por uma atração espiritual, uma adaptação do pensamento idêntico, de gostos e de aspirações da mesma ordem, e isso em graus diversos. É fácil reconhecer em uma família aquele que nela se encarna excepcionalmente e pela primeira vez, seja para ali se aperfeiçoar intelectual e moralmente, em contato com seres mais evoluídos, seja, ao contrário, para servir de exemplo, de modelo, de treinador de espíritos atrasados e, ao mesmo tempo, para ajudá-los a suportar as provas que o destino lhes reserva, o que torna uma missão uma tarefa meritória. Em certos casos o contraste é tão notável entre os caracteres, a maneira de pensar e de agir é tão surpreendente que as pessoas não iniciadas chegam a proferir este julgamento: “Aquele não é da família, poder-se-ia crer que ele foi trocado pela ama-de-leite!” Desde a vida no espaço, entre certos espíritos são assumidos os compromissos de reencarnarem nos mesmos ambientes e aí prosseguir uma evolução comum. Outras almas evoluídas aceitam a função penosa de descer a lares materiais para neles dissipar, por suas irradiações, os elementos grosseiros que dominam tais ambientes, e este ato de abnegação será para elas um novo motivo de progresso. Algumas pessoas nos interrogam sobre as diferenças de raças e suas relações com a evolução. Os espíritos dizem, sobre esse assunto, que cada região do globo atrai do Espaço os fluidos em harmonia com os eflúvios que se desprendem do solo. Daí resulta que os espíritos que renascem nessas regiões terão gostos e aspirações diferentes. Por exemplo, os africanos receberão os fluidos próprios para desenvolver a sua vitalidade física, porque seu espírito tem necessidade de se sentir em um envoltório sólido. Entre os orientais, os japoneses, por exemplo, a evolução terrestre é mais completa, os corpos são pequenos, a sensibilidade desenvolvida, a percepção do além mais nítida. O misticismo está presente. O perispírito do japonês, de uma grande sutileza, vibrará mais fortemente do que o do senegalês. Entre os ocidentais, em geral, a evolução não tem sido uniforme. Ela variou conforme os países. Os montanheses e os marítimos, sob formas mais rudes, guardaram um certo fundo de idealismo ou um espírito religioso. Aí estão dois tipos humanos cujas aspirações se relacionam mais diretamente com o mundo superior, porque eles se comungam com a Natureza. Não é de espantar se um espírito, na sua curta evolução, experimenta, às vezes, a necessidade de mudar de meio para adquirir qualidades ou conhecimentos que ainda lhe faltam. Mas esses mesmos seres, voltando ao espaço, ali logo encontram os elementos espirituais de que se haviam afastado por certo tempo e dos quais tinham guardado lembranças. Já, no sono, o ser encarnado se aproxima de seus amigos do Espaço e revê, em alguns instantes, sua vida passada, mas, ao despertar, essa impressão se apaga, porque ela poderia perturbar e diminuir o seu livre-arbítrio. Se ele se afasta, por um certo tempo, de sua família terrestre, não abandona nunca sua família espiritual e, quando a família humana evoluiu e atinge um plano fluídico superior, a ação inversa se produzirá, e será ela que, por sua vez, atrairá no espaço o espírito menos avançado. A lei de evolução do ser através de suas vidas renascentes é admirável, mas a inteligência humana não pode entrever senão seu pálido reflexo. Os ensinos contidos nestas páginas não são uma obra de imaginação. Eles emanam de mensagens espirituais obtidas por todos os processos mediúnicos e recolhidos em todos os países. Até aqui, não tínhamos, sobre as condições de vida no Além, a não ser hipóteses humanas, sejam filosóficas ou religiosas. Hoje, os que vivem essa vida a descrevem para nós e falam sobre as leis da reencarnação. Com efeito, o que são certas exceções assinaladas entre os anglo-saxões, e cujo número diminui cada dia em presença da enorme quantidade de documentos, de testemunhos concordantes recolhidos desde a América do sul até as Índias e o Japão? Não é mais, como no passado, um pensador isolado, ou mesmo um grupo de pensadores, que vem mostrar à humanidade a rota que ele julga verdadeira; é um mundo invisível, inteiro, que se abala, e se esforça para tirar o pensamento humano de suas rotinas, de seus erros, e lhe revela, como no tempo dos druidas, a lei divina da evolução. São os próprios parentes e amigos mortos que nos expõem sua situação, boa ou má, e a conseqüência de seus atos no decorrer de palestras ricas de provas de identidade. Possuo sete grandes volumes de comunicações, recebidas no grupo que por longo tempo dirigi, que respondem a todas as questões que a inquietude humana apresenta à sabedoria dos invisíveis. Os espíritos guias nos instruíam por meio de diversos médiuns que, geralmente, não se conheciam entre si, e sobretudo por mulheres pouco letradas, cheias de preconceitos católicos e pouco inclinadas à doutrina das encarnações. Ora, todos aqueles que consultaram esses arquivos ficaram surpreendidos pela beleza do estilo, como também pela profundeza das idéias emitidas. Talvez essas mensagens sejam um dia publicadas. Então, ver-se-á que, nas minhas obras, não sou inspirado somente por mim, mas sobretudo por aqueles do outro lado da vida. Reconhecer-se-á, pela variedade das formas, uma grande unidade de princípios e uma perfeita analogia com os ensinos obtidos dos espíritos guias, em todos os meios, e onde Allan Kardec se inspirou para delinear as grandes regras de sua doutrina. Após a guerra (1ª Guerra Mundial, 1914-1918), nossos instrutores continuaram a se manifestar por diferentes médiuns. Por meio de entidades diversas, a personalidade de cada um deles se afirmou por seu caráter próprio, por uma originalidade talhada, em uma palavra, de maneira a evitar toda possibilidade de simulação. Pode-se seguir, anualmente, na Revue Spirite, a quintessência dos ensinos que nos foram dados sobre assuntos sempre substanciais e elevados. Depois, próximo ao congresso (Espírita) de 1925, foi o grande iniciador (Allan Kardec) que veio nos certificar de seu concurso e nos esclarecer com seus conselhos. Hoje ainda é ele, Allan Kardec, que nos anima a publicar este estudo sobre a reencarnação.________________________________________________Do Livro O Gênio Céltico e o Invisível de Leon Denis

domingo, 19 de abril de 2015

Aborto Espontâneo

Na questão 166 de “O Livro dos Espíritos”, que uma alma que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, se depura pela prova de nova existência. A Doutrina Espírita ensina que o corpo físico é modelado por uma estrutura semimaterial, denominada perispírito. Diversas passagens da Codificação Espírita no-lo indicam, como, por exemplo, em “O Livro dos Espíritos”, à questão 135 e no item 257 (“Ensaio teórico da sensação nos Espíritos”). O que nossa consciência carrega de ações mais ou menos felizes impacta essa estrutura semimaterial, por isso há impacto, também, no corpo físico. Danos ao perispírito, muitas vezes, demandam diversas etapas de interação com a matéria densa, para serem sanados. Pode-se comparar o processo a um enxerto de pele ou osso em uma lesão, no qual sejam necessárias diversas operações, cada uma efetuando um passo adiante na reconstituição do dano. A duração nessas internações na matéria varia com a necessidade, podendo ser de vários anos após o nascimento a poucas horas de gestação, visando a um melhoramento no modelador biológico do Espírito em tratamento. Relevante é perceber que mesmo uma curta gestação, aparentemente fracassada em um aborto espontâneo, pode trazer enormes benefícios a um Espírito em processo de reconstituição de seu perispírito. André Luiz orienta [1], a esse respeito: “Na Espiritualidade, os servidores da Medicina penetram, com mais segurança, na história do enfermo para estudar, com o êxito possível, os mecanismos da doença que lhe são particulares. Aí, os exames nos tecidos psicossomáticos com aparelhos de precisão, correspondendo às inspeções instrumentais e laboratoriais em voga na Terra, podem ser enriquecidos com a ficha cármica do paciente, a qual determina quanto à reversibilidade ou irreversibilidade da moléstia, antes de nova reencarnação, motivo por que numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante longas ou curtas internações no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam extirpadas da mente pelo contato direto com as lutas em que se configuraram.” O mesmo autor espiritual apresenta outro exemplo [2] em que um Espírito requer mais de uma reencarnação para retificar seu perispírito, nas orientações recebidas do Espírito Clarêncio acerca de paciente denominado Júlio: “Desentendendo-se com alguns laços afetivos do caminho, no século passado, confiou-se a extrema revolta, aniquilando o veículo físico que lhe fora emprestado por valiosa bênção. Rendendo-se à paixão, sorveu grande quantidade de corrosivo. Salvo, a tempo, sobreviveu à intoxicação, mas perdeu a voz, em razão das úlceras que se lhe abriram na fenda glótica. Ainda aí, não se conformando com o auxílio dos colegas que o puseram fora de perigo, alimentou a ideia de suicídio, sem recuar. Foi assim que, não obstante enfermo, burlou a vigilância dos companheiros que o guardavam e arrojou-se a funda corrente de um rio, nela encontrando o afogamento que o separou do envoltório carnal. Na vida espiritual, sofreu muito, carregando consigo as moléstias que ele mesmo infligira à própria garganta e os pesadelos da asfixia, até que reencarnou, junto das almas com as quais se mantém associado para a regeneração do pretérito. Infelizmente, porém, encontra dificuldades naturais para recuperar-se. Lutará muito, antes de incorporar-se a novo patrimônio físico. (...) Júlio renascerá num equipamento fisiológico deficitário que, de algum modo, lhe retratará a região lesada a que nos reportamos. Sofrerá intensamente do órgão vocal que, sem dúvida, se caracterizará por fraca resistência aos assaltos microbianos, e, em virtude de o nosso amigo haver menosprezado a bênção do corpo físico, será defrontado por lutas terríveis, nas quais aprenderá a valorizá-lo.” Na esclarecedora obra “Memórias de um Suicida” [3], Camilo Cândido Botelho, pela mediunidade de Yvonne do Amaral Pereira, orienta, a respeito da reconstituição da energia vital de suicidas: “A Excelsa Misericórdia encaminha, geralmente, tais casos, tidos como os mais graves, a reencarnações imediatas onde o delinquente completará o tempo que lhe faltava para o término da existência que cortou. Conquanto muito dolorosas, mesmo anormais, tais reencarnações serão preferíveis às desesperações de além-túmulo, evitando, ao demais, grande perda de tempo ao paciente. (...) O perispírito não teve forças vibratórias para modelar a nova forma corpórea, a despeito do auxilio recebido dos técnicos do mundo Invisível. Assim, concluirão o tempo que lhes faltava para o compromisso da existência prematuramente cortada, corrigirão os distúrbios vibratórios e, logicamente, sentir-se-ão aliviados. Trata-se de uma terapêutica, nada mais, recursos extremos exigidos pela calamidade da situação.” Não associemos todo evento de aborto espontâneo a um suicídio em vida pregressa. Generalizar ou buscar “tabular” causas e consequências induz a conclusões errôneas e, não raro, injustas. Este é apenas um exemplo de causa de dano ao perispírito. Lembremos que toda atitude desarmônica pode danificar nossa energia vital, e desencarnações prematuras por mau uso de nossa vitalidade ao longo dos anos são vistas como formas lentas de extinção voluntária da vida. Temos todos de reparar nossos próprios erros, como orientam os Espíritos à questão 1013 de “O Livro dos Espíritos”, sobre o que se deve entender por purgatório: “Dores físicas e morais: o tempo da expiação. Quase sempre, na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos obriga a expiar as vossas faltas.” Doença congênita não é, portanto, “falta de sorte genética”, pois Deus não nos abandona à sorte; esses eventos devem ser encarados como parte de um projeto de evolução moral. Moléstias não são castigos, mas sim provas ou expiações para o reencarnante e/ou família, visando sempre à melhora de todos no campo moral. Não se espera uma “alegria” com a constatação da doença, mas sim a resignação com a certeza de superação do desafio, ainda que a cura se concretize após aquela vida física. A desistência da prova Havendo danos no perispírito do reencarnante, os quais venham a inviabilizar seu nascimento saudável, pode ocorrer de o Espírito que sofre este processo desistir de passar pelo mesmo, apesar de essa ocorrência ser útil à sua reconstituição. Assim orientam os Espíritos superiores, à questão 348 de “O Livro dos Espíritos”, sobre se o Espírito reencarnante pode saber, previamente, que seu futuro corpo é inviável: “Sabe-o algumas vezes; mas, se nessa circunstância reside o motivo da escolha, isso significa que está fugindo à prova.” Ser bem sucedido não corresponde apenas a nascer saudável, mas a se melhorar, evoluir. Se, para tal melhora, se fazem necessários breves estágios de contato perispiritual com a matéria densa, desistir dessas etapas é fugir ao tratamento, evadir-se à prova, atrasar sua marcha evolutiva. Lemos, à questão 345 da obra supracitada, que, “(...) como os laços que ao corpo o prendem são ainda muito fracos, facilmente se rompem e podem romper-se por vontade do Espírito, se este recua diante da prova que escolheu. Em tal caso, porém, a criança não vinga.” Todavia, não há como outro Espírito passar a ocupar o corpo destinado ao Espírito que desistiu de reencarnar. As orientações constantes da questão 355 do mesmo livro indicam haver, de fato, crianças que, já no ventre materno, não são viáveis biologicamente: “(...) Deus o permite como prova, quer para os pais do nascituro, quer para o Espírito designado a tomar lugar entre os vivos.” A pergunta de número 356 indica, também, haver natimortos não destinados à encarnação de Espíritos, ocorrência a qual, não obstante, também traz utilidade evolutiva: “Alguns há, efetivamente, a cujos corpos nunca nenhum Espírito esteve destinado. Nada tinha que se efetuar para eles. Tais crianças então só vêm por seus pais.” Mesmo nestas condições, este corpo não é inútil. Os Espíritos esclarecem, à questão 360: “Por que não respeitar as obras da criação, algumas vezes incompletas por vontade do Criador? Tudo ocorre segundo os seus desígnios e ninguém é chamado para ser seu juiz.” Planejamento reencarnatório Allan Kardec questiona, à pergunta 353 de “O Livro dos Espíritos”: “Não sendo completa a união do Espírito ao corpo, não estando definitivamente consumada, senão depois do nascimento, poder-se-á considerar o feto como dotado de alma?”, ao que os Espíritos instruem: “O Espírito que o vai animar existe, de certo modo, fora dele. O feto não tem pois, propriamente falando, uma alma, visto que a encarnação está apenas em via de operar-se. Acha-se, entretanto, ligado à alma que virá a possuir.” Verificamos, aí, a existência de um planejamento, muito anterior à fecundação propriamente dita. Um edifício começou por um projeto, o que não significa que ele não era nada, ou que nada havia sido ainda investido de tempo, energia e recursos quando esse prédio não estava no início de sua existência material e era “apenas” uma série de cálculos e desenhos. André Luiz nos traz dois ilustrativos exemplos disso: Em “Missionários da Luz” [4], verifica-se um planejamento reencarnatório e ligação psíquica que antecedem, em muito, a efetiva ligação do perispírito à célula-ovo fecundada materialmente: “Desde muito, e, particularmente, desde a semana passada, está em processo de ligação fluídica direta com os futuros pais.”; Na obra “E a Vida Continua...” [5], observamos um planejamento reencarnatório com trinta anos de antecedência, visando a resgatar determinados procedimentos inadequados de alguns dos Espíritos da história narrada: “Ribas apanhou pequeno mapa, dentre os papéis que compulsava, e elucidou, indicando figurações aqui e ali: – A desencarnação de Elisa está prevista para breves dias, mas o renascimento dela, depois de reequilíbrio seguro em nossa estância, poderá ocorrer, conforme nosso esquema, dentro de cinco a seis anos. Com a permissão de nossos Maiores, será ela filha de Serpa e Vera, se vocês trabalharem no socorro a ambos, com muito amor... Renascerá depois de Mancini, que lhes será o primogênito... Como é fácil de perceber, daqui a trinta anos, mais ou menos, ocasião considerada provável para o retorno de Caio à Vida Espiritual, devolverá ele à sogra espoliada – então sua filha – tanto quanto a Vera Celina, na condição de viúva, todos os patrimônios de que hoje se apropria.” Verifica-se, então, que uma célula-ovo, esteja ou não conectada efetivamente com um Espírito — o que nunca sabemos, por não haver ainda instrumentação para tal — pode ser parte integrante de um planejamento de décadas, e, por isso, merece todo respeito, como qualquer criação de Deus. Concluindo... Tudo é supervisionado por Deus através de seus filhos já evoluídos, como o é Jesus, Governador da Terra. O que vimos como sucesso e fracasso, se pautado sob uma estreita perspectiva de uma só vida, mostra-se totalmente diferente ao entendermos haver a sabedoria de Deus em tudo, em um planejamento de longuíssimo prazo, de muitos milênios, visando à nossa evolução moral e intelectual. Demonstra-se, de forma clara, o quanto nossos Espíritos protetores trabalham por nós, com tanto tempo de antecedência, e o quanto temos a agradecer a Deus por seu concurso. Cabe a nós procurar agir da melhor maneira, buscando, pela prece, a inspiração desses bons Espíritos, de forma a não prejudicar esse planejamento.__________________________________________________________________

terça-feira, 24 de março de 2015

Reminiscências de vidas passadas

“Podemos ter algumas revelações a respeito de nossas vidas anteriores?” “Nem sempre. Contudo, muitos sabem o que foram e o que faziam. Se se lhes permitisse dizê-lo abertamente, extraordinárias revelações fariam sobre o passado.” (Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos, pergunta 395.) *______________ “Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio. Aquele, pois, que muito sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve regozijar-se à Ideia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas Impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar.” (Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, capítulo 5, ítem 10.) Muitos dos nossos amigos freqüentemente nos procuram, quer pessoalmente ou através de cartas que nos escrevem, a fim de solicitar informações sobre a reencarnação do próximo em geral e, em particular, a deles próprios. Nada poderemos, porém, acrescentar sobre o assunto às instruções dos Espíritos que organizaram os códigos do Espiritismo. Se, como ficou dito, a lei da Criação encobriu o nosso passado espiritual, será porque o seu conhecimento não traria vantagem para o nosso progresso, antes poderia prejudicá-lo, como tão hàbilmente ficou assinalado por Allan Kardec e seus colaboradores. Todavia, a observação de sábios investigadores das propriedades e forças da personalidade humana, e a prática dos fenômenos espíritas, dão-nos a conhecer substanciosos exemplos de que nem sempre o véu do esquecimento é totalmente distendido sobre a nossa memória normal, apagando as recordações de vidas anteriores, pois a verdade é que de quando em vez surgem indivíduos idôneos apresentando lembranças de suas existências passadas, muitas delas verificadas exatas por investigações criteriosas, e a maioria dos casos, senão a totalidade deles, revelando tanta lógica e firmeza nas narrativas, que impossível seria descrer-se deles sem demonstrar desprezo pela honestidade do próximo. De outro lado, o fenômeno de recordação de vidas passadas parece mais raro do que em verdade e, uma vez que podemos ter estranhas reminiscências sem saber que elas sejam o passado espiritual a se manifestar timidamente às nossas faculdades, aliás, a maioria das pessoas que as recordam, ignorando os fatos espíritas, sofrem a sua pressão sem saberem, realmente, do que se trata, e por isso não participam a outrem o que com elas se passa. O Espírito Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, a quem tanto amamos, observou, em recentes instruções a nós concedidas, que nos manicômios terrestres existem muitos casos de suposta loucura que mais não são que estados agudos de excitação da subconsciência recordando existências passadas tumultuosas, ou criminosas, ocasionando o remorso no presente, o mesmo acontecendo com a obsessão, que bem poderá ser o tumulto de “Podemos ter algumas revelações a respeito de nossas vidas anteriores?” “Nem sempre. Contudo, muitos sabem o que foram e o que faziam. Se se lhes permitisse dizê-lo abertamente, extraordinárias revelações fariam sobre o passado.” (Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos, pergunta 395.) * “Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio. Aquele, pois, que muito sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve regozijar-se à Ideia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas Impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar.” (Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, capítulo 5, ítem 10.) Muitos dos nossos amigos freqüentemente nos procuram, quer pessoalmente ou através de cartas que nos escrevem, a fim de solicitar informações sobre a reencarnação do próximo em geral e, em particular, a deles próprios. Nada poderemos, porém, acrescentar sobre o assunto às instruções dos Espíritos que organizaram os códigos do Espiritismo. Se, como ficou dito, a lei da Criação encobriu o nosso passado espiritual, será porque o seu conhecimento não traria vantagem para o nosso progresso, antes poderia prejudicá-lo, como tão hàbilmente ficou assinalado por Allan Kardec e seus colaboradores. Todavia, a observação de sábios investigadores das propriedades e forças da personalidade humana, e a prática dos fenômenos espíritas, dão-nos a conhecer substanciosos exemplos de que nem sempre o véu do esquecimento é totalmente distendido sobre a nossa memória normal, apagando as recordações de vidas anteriores, pois a verdade é que de quando em vez surgem indivíduos idôneos apresentando lembranças de suas existências passadas, muitas delas verificadas exatas por investigações criteriosas, e a maioria dos casos, senão a totalidade deles, revelando tanta lógica e firmeza nas narrativas, que impossível seria descrer-se deles sem demonstrar desprezo pela honestidade do próximo. De outro lado, o fenômeno de recordação de vidas passadas parece mais raro do que em verdade e, uma vez que podemos ter estranhas reminiscências sem saber que elas sejam o passado espiritual a se manifestar timidamente às nossas faculdades, aliás, a maioria das pessoas que as recordam, ignorando os fatos espíritas, sofrem a sua pressão sem saberem, realmente, do que se trata, e por isso não participam a outrem o que com elas se passa. O Espírito Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, a quem tanto amamos, observou, em recentes instruções a nós concedidas, que nos manicômios terrestres existem muitos casos de suposta loucura que mais não são que estados agudos de excitação da subconsciência recordando existências passadas tumultuosas, ou criminosas, ocasionando o remorso no presente, o mesmo acontecendo com a obsessão, que bem poderá ser o tumulto de evolução? Certamente, é muito provável que assim seja, visto que, tratando-se de uma faculdade que tende a atingir a plenitude das próprias funções, haverá o trabalho de evolução, e, além do mais, não. é o Espírito, encarnado ou não, o artífice da própria glória? Daí as lutas tremendas do roteiro a vencer... Ou tratar-se-á, porventura, de punição? De qualquer forma será o trabalho de evolução... Mas até onde chegam os nossos conhecimentos a respeito do singular fato, também por nós vivido e, portanto, por nós sentido, observado e estudado, poderemos afirmar que, na sua maioria, trata-se do efeito de causas graves e, portanto, punição através da lei natural das coisas, podendo ser também o fato auxiliado pela natural disposição de organizações físicopsíquicas muito lúcidas, aquisição de mentes trabalhadas pelo esforço da inteligência, fruto do cultivo dos dons da alma, se o acontecimento não implicar distúrbios conscienciais, pois nossa personalidade é rica de dons em elaboração lenta, mas segura. Consultando preciosos livros de instrução doutrinária espírita encontraremos copioso noticiário do fato em estudo. Homens ilustres do passado não só confessavam as próprias convicções em torno da reencarnação das almas em novos corpos como afirmavam, com boas provas, lembrar de suas vidas anteriores, sendo que esses homens não deram, jamais, provas de debilidade mental, o que nos leva a deduzir ser o fato mais comum do que se pensa, e que os casos extremos, ocasionando a citada pseudoloucura, serão, com efeito, como que uma punição natural na ordem das coisas, efeito de vidas passadas anormais, onde avultavam ações criminosas. No seu precioso livro «O Problema do Ser, do Destino e da Dor», o grande mestre da Doutrina Espírita, Léon Denis, cita casos interessantes de pessoas conhecidas na História, que recordavam as próprias existências passadas. É de notar que todas essas individualidades citadas possuíam inteligência lúcida, eram mesmo pessoas geniais, fazendo crer que suas mentes haviam sido trabalhadas pelo labor intelectual desde longas etapas anteriores, o que equivale dizer que a faculdade de recordar estava mais ou menos desenvolvida, não produzindo choques vibratórios violentos (1). Assim é que, no capítulo X1V daquela obra magistral, na segunda parte, ele diz o seguinte, permitindo o leitor, a seu próprio benefício, que transcrevamos trechos do original: — «É fato bem conhecido que Pitágoras se recordava pelo menos de três das suas existências e dos nomes que, em cada uma delas, usava. Declarava ter sido Hermótimo, Eufórbio e um dos Argonautas. Juliano,

Em torno da prece

O Ministro Clarêncio comentava a sublimidade da prece e nós o ouvíamos com a melhor atenção. – Todo desejo – dizia, convincente – é manancial de poder. A planta que se eleva para o alto, convertendo a própria energia em fruto que alimenta a vida, é um ser que ansiou por multiplicar-se... – Mas todo petitório reclama quem ouça – interferiu um dos companheiros. – Quem teria respondido aos rogos, sem palavras, da planta? O venerando orientador respondeu, tranqüilo: – A Lei, como representação de nosso Pai Celestial, manifesta-se a tudo e a todos, através dos múltiplos agentes que a servem. No caso a que nos reportamos, o Sol sustentou o vegetal, conferindo-lhe recursos para alcançar os objetivos que se propunha atingir. E, imprimindo significativa entonação à voz, continuou: – Em nome de Deus, as criaturas, tanto quanto possível, atendem às criaturas. Assim como possuímos em eletricidade os transformadores de energia para o adequado aproveitamento da força, temos igualmente, em todos os domínios do Universo, os transformadores da bênção, do socorro, do esclarecimento... As correntes centrais da vida partem do Todo-Poderoso e descem a flux, transubstanciadas de maneira infinita. Da luz suprema à treva total, e vice-versa, temos o fluxo e o refluxo do sopro do Criador, através de seres incontáveis, escalonados em todos os tons do instinto, da inteligência, da razão, da humanidade e da angelitude, que modificam a energia divina, de acordo com a graduação do trabalho evolutivo, no meio em que se encontram. Cada degrau da vida está superlotado por milhões de criaturas... O caminho da ascensão espiritual é bem aquela escada milagrosa da visão de Jacob, que passava pela Terra e se perdia nos céus... A prece, qualquer que ela seja, é ação provocando a reação que lhe corresponde. Conforme a sua natureza, paira na região em que foi emitida ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou remota, segundo as finalidades a que se destina. Desejos banais encontram realização próxima na própria esfera em que surgem. Impulsos de expressão algo mais nobre são amparados pelas almas que se enobreceram. Ideais e petições de significação profunda na imortalidade remontam às alturas... O mentor generoso fez pequeno intervalo, como a dar-nos tempo para refletir e acentuou: – Cada prece, tanto quanto cada emissão de força, se caracteriza por determinado potencial de freqüência e todos estamos cercados por Inteligências capazes de sintonizar com o nosso apelo, à maneira de estações receptoras. Sabemos que a Humanidade Universal, nos infinitos mundos da grandeza cósmica, está constituída pelas criaturas de Deus, em diversas idades e posi- ções... No Reino Espiritual, compete-nos considerar igualmente os princípios da herança. Cada consciência, à medida que se aperfeiçoa e se santifica, aprimora em si qualidades do Pai Celestial, harmonizando-se, gradativamente, com a Lei. Quanto mais elevada a percentagem dessas qualidades num espírito, mais amplo é o seu poder de cooperar na execução do Plano Divino, respondendo às solicitações da vida, em nome de Deus, que nos criou a todos para o Infinito Amor e para a Infinita Sabedoria... Quebrando o silêncio que se fizera natural para a nossa reflexão, o irmão Hilário perguntou: Contudo, como interpretar o ensinamento, quando estivermos à frente de propósitos malignos? Um homem que deseja cometer um crime estará também no serviço da prece? – Abstenhamo-nos de empregar a palavra “prece”, quando se trate do desequilíbrio – aduziu Clarêncio, bondoso –, digamos “invocação”. E acrescentou: – Quando alguém nutre o desejo de perpetrar uma falta está invocando forças inferiores e mobilizando recursos pelos quais se responsabilizará. Através dos impulsos infelizes de nossa alma, muitas vezes descemos às desvairadas vibrações da cólera ou do vício e, de semelhante posição, é fácil cairmos no enredado poço do crime, em cujas furnas nos ligamos, de imediato, a certas mentes estagnadas na ignorância, que se fazem instrumentos de nossas baixas idealizações ou das quais nos tornamos deploráveis joguetes na sombra. Todas as nossas aspirações movimentam energias para o bem ou para o mal. Por isso mesmo, a direção delas permanece afeta à nossa responsabilidade. Analisemos com cuidado a nossa escolha, em qualquer problema ou situação do caminho que nos é dado percorrer, porquanto o nosso pensamento voará, diante de nós, atraindo e formando a realização que nos propomos atingir e, em qualquer setor da existência, a vida responde, segundo a nossa solicitação. Seremos devedores dela pelo que houvermos recebido. O Ministro sorriu, benevolente, e lembrou: – Estejamos convictos, porém, de que o mal é sempre um círculo fechado sobre si mesmo, guardando temporariamente aqueles que o criaram, qual se fora um quisto de curta ou longa duração, a dissolver-se, por fim, no bem infinito, à medida que se reeducam as Inteligências que a ele se aglutinam e afeiçoam. O Senhor tolera a desarmonia, a fim de que por intermédio dela mesma se efetue o reajustamento moral dos espíritos que a sustentam, de vez que o mal reage sobre aqueles que o praticam, auxiliando-os a compreender a excelência e a imortalidade do bem, que é o inamovível fundamento da Lei. Todos somos senhores de nossas criações e, ao mesmo tempo, delas escravos infortunados ou felizes tutelados. Pedimos e obtemos, mas pagaremos por todas as aquisições. A responsabilidade é principio divino a que ninguém poderá fugir. ________________________________________________________Francisco Cândido Xavier - Entre a Terra e o Céu - pelo Espírito André Luiz

sábado, 14 de março de 2015

Os Espíritos Superiores atuam nas mutações genéticas

Os Espíritos Superiores atuam nas mutações genéticas? Se sim, como?______________________________________________________
R: Acreditamos que, embora competentes para normalmente fazê-lo, assim procederão só em casos específicos, raros. Por exemplo: um Espírito de uma esfera espiritual acima das terrenas e que tenha se compromissado a cumprir nobre missão na Terra, numa determinada área da atividade humana (a música, por exemplo), talvez tenha dificuldade para reencarnar filho(a) de pais que geneticamente lhe propiciem os fantásticos genes que possibilitarão destreza e memorização. O reencarnante, nesse caso, poderá passar por uma necessária adequação e “aditivação” genética, já a partir do seu perispírito, que como sabemos nós, os espíritas, é o molde para o corpo físico. Essa complementação só poderá ser realizada por Espíritos protetores, competentes (com domínio absoluto daquela que podemos denominar de “genética espiritual”). Pode ocorrer o inverso: Espírito altamente devedor, com o perispírito danificado, tendo que reencarnar em condições físicas dificílimas, poderá nascer filho(a) de pais saudá- veis, mas que além de aceitarem tal sublime tarefa, dispondo ou não dos meios materiais apropriados a administrar as multiplicadas dificuldades decorrentes. Aqui também terá que haver interferência genética daqueles técnicos espirituais, equalizando tal reencarnação à expiação redentora, e nesse caso, isso não encontrará explicação na genética terrena....---------------------------------------------------- NOTA COMPLEMENTAR: No cap. 12 de “Missionários da Luz”, o Autor espiritual, André Luiz, registra sobre aqueles que têm merecimento: (...) A lei da hereditariedade fisiológica “funciona com inalienável domínio sobre todos os seres em evolução, mas sofre, naturalmente, a influência de todos aqueles que alcançam qualidades superiores ao ambiente geral. Além do mais, quando o interessado em experiências novas no plano da Crosta é merecedor de serviços ‘intercessórios’, as forças mais elevadas podem imprimir certas modificações à matéria, desde as atividades embriológicas, determinando alterações favorá- veis ao trabalho de redenção”. Mais adiante, no cap. 14, agora se referindo a tarefas, missões ou “provas” , volta a elucidar: (...) Referindo-nos a problema de ciência física, sem alusão aos problemas espirituais das tarefas, missões ou provas necessárias (...) de certos Espíritos na reencarnação, as autoridades de nossa esfera de luta dispõem de suficiente poder para intervir na lei biogenética, dentro de certos limites, ajustando-lhe as disposições, a caminho de objetivos especiais. (Colocamos esses complementos aqui, pois eles, evidenciando a existência da genética espiritual, terão aplicações ao longo deste questionário).____________________________________

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Logo que cheguei ao meio espiritual, tive a sensação de estar em minha casa

Tomo-o à revista Light (1927, pág. 230). O diretor dessa revista, Sr. David Gow, precedeu a narrativa deste caso de uma breve nota, donde extraio os períodos seguintes:____________________________________________ Os trechos, que se vão ler, de mensagens mediúnicas, foram tirados de um longo relatório que nos enviou um ministro anglicano da Nova Escócia. O Espírito comunicante foi, ao que parece, conhecida personagem americana, que ocupou, quando na Terra, alto cargo municipal. O médium, de cujo nome se nos deu conhecimento, é uma senhora distinta, muito conhecida, igualmente, pela elevação de seu caráter e pela excelência de suas faculdades mediúnicas. O Espírito começou assim:________________________________________________________ Desejo principiar a minha narrativa, do dia em que deixei o corpo material no meu quarto de Blankville. Via quão grande era a dor que despedaçava a alma de meus filhos e muito me afligia o achar-me impossibilitado de lhes dirigir a palavra. De súbito, verifiquei que em mim uma mudança se operava, que eu não compreendia bem. Fui presa de estranha sensação que, conquanto inteiramente nova para mim, era um tanto análogo à que uma pessoa experimenta quando desperta repentinamente de profundo sono. No primeiro momento, nada compreendi, dada a situação em que me encontrava. Pouco a pouco, porém, fui percebendo o meio que me cercava, como sucede ai quando a gente desperta do sono. Vi-me estendido, calmo e imóvel, no meu leito, circunstância que me encheu de espanto, longe que estava de supor que morrera. Após algum tempo, cada vez mais desperto, percebi que minha defunta mulher se achava ao meu 72 – lado, a me sorrir, com uma expressão radiante de ventura. Esse nosso encontro se dava depois de longa separação. Foi ela quem me comunicou a terrificante noticia de que eu estava morto e me encontrava também no meio espiritual. Disse-me que, desde muitos dias, velava à cabeceira do meu leito, aguardando o momento de acolher o meu Espírito e de conduzi-lo à morada celeste. Sentia-me de mais em mais revigorado por uma vitalidade nova, como se todas as minhas faculdades entrassem num período de atividade grande, após o prolongado torpor em que me achara... Era a sensação de uma beatitude difícil de descrever-se... Afigurava-se-me que me tornara parte integrante do meio que me rodeava. Minha mulher me tomou então pelas mãos e, assim unidos, nos elevamos através do teto do quarto, subindo para o alto, sempre mais alto, pelo espaço em fora. Entretanto, se bem que me houvesse afastado muito do melo terrestre, continuava a ter conhecimento do que ocorria em minha casa. Via minha filha acabrunhada de dor. Esse estado da alma parecia deslizar como uma nuvem escura, entre ela e mim; insinuava-se no meu ser, produzindo nele um sentimento penoso de torpor. Desejo saiba as crises excessivas de dor, junto dos leitos mortuários, constituem imensa barreira interposta entre os vivos, que delas se deixam tomar, e o Espírito do defunto por quem eles choram. Trata-se de uma barreira real e intransponível, que nos não permite entrar em comunicação com os que se desesperam pela nossa morte. Mais ainda: as exageradas crises de dor retêm presos ao meio terrestre os Espíritos desencarnados, retardando-lhes a entrada no mundo espiritual. De fato, se é certo que, com a morte, cessam necessariamente todas as relações entre os Espíritos desencarnados e o organismo físico dos vivos, em compensação os Espíritos dos defuntos se tornam extremamente sensíveis às vibrações dos pensamentos das pessoas que lhes são caras. Concito, pois, os vivos que percam alguns de seus parentes — qualquer que possa ser a importância da perda e da dor correspondente — a que, a todo custo, se mostrem fortes, abafando toda manifestação de mágoa e apresentando-se de aspecto calmo nos funerais. Comportando-se assim, determinarão considerável melhoria na atmosfera que os cerca, porquanto a aparência de serenidade nos corações e nos semblantes das pessoas que nos são caras emite vibrações luminosas que nos atraem, como, à noite, a luz atrai a borboleta. Por outro lado, a mágoa dá lugar a vibrações sombrias e prejudiciais a nós outros, vibrações que tomam o aspecto de tenebrosa nuvem a envolver aqueles a quem amamos. Não duvideis de que somos muito sensíveis às 73 – impressões vibratórias que nos chegam, por efeito da dor dos que nos são caros. Nossos corpos etéreos estão, efetivamente, sintonizados por uma escala vibratória muito alta, que nada tem de comum com a escala vibratória dos corpos carnais... Aqui não se usa da palavra para conversar. Percebemos os pensamentos nos olhos daquele que conversa conosco. O nosso interlocutor, a seu turno, percebe em nossos olhos os pensamentos que nos acodem. Deste modo, percebemos integral e perfeitamente a significação dos discursos dos outros, o que se não pode realizar na Terra... Logo que cheguei ao meio espiritual, tive a sensação de estar em minha casa. Parentes, amigos, conhecidos vieram todos me receber; todos se congratulavam comigo, por haver, afinal, chegado ao porto. Era, pois, natural que fizessem nascer em mim à impressão de estar em minha casa. Para me adaptar ao novo meio, menos tempo me foi preciso, do que me seria na Terra, para me adaptar a uma mudança de residência... Aqui, todos podemos obter facilmente os objetos que desejamos: não temos mais do que pensar neles, para que os criemos. Nessas condições, compreende-se que ninguém pode desobedecer ao mandamento de Deus: Não desejareis o que pertença ao vosso próximo. Nada aqui se compra com dinheiro; coisa alguma pode haver que tenha valor, senão para aquele que a criou, destinada a seu uso pessoal, por necessitar dela. Cada um se acha em condições de conseguir para si, se o quiser, tudo o que seu vizinho possua. Bem entendido, falo apenas de objetos materiais de toda espécie. Digo materiais, para me fazer compreendido, pois que semelhante qualificativo não se adapta às criações etéreas...__________________________________--extraído do livro A CRISE DA MORTE de Ernesto Bozzano (décimo caso)

Que impressão tiveste da tua primeira entrada no mundo espiritual?

Reproduzo um último caso de data antiga, que extraio do livro do Doutor Wolfe: Starling Facts in Modern Spiritualism (pág. 388). Jim Nolan, o Espírito-guia do célebre médium Senhor Hollis, que disse e demonstrou ter sido soldado no curso da Guerra de Secessão da América e haver morrido de tifo num hospital militar, responde da maneira seguinte às perguntas de um experimentador:_______________________________________________________ P. — Que impressão tiveste da tua primeira entrada no mundo espiritual? R. — Parecia-me que despertava de um sono, com um pouco de atordoamento a mais. Já não me sentia enfermo e isso me espantava grandemente. Tinha uma vaga suspeita de que alguma coisa estranha se passara, todavia, não sabia definir o de que se tratava. Meu corpo se achava estendido no leito de campanha e eu o via. Dizia de mim para mim: Que estranho fenômeno! Olhei ao mau derredor, e vi três de meus camaradas mortos nas trincheiras diante de Vicksburg e que eu enterrara. Entretanto, ali estavam na minha presença! Olhavam a sorrir. Então, um dos três me saudou, dizendo: — Bom-dia, Jim; também és dos nossos? — Sou dos vossos? Que queres dizer? — Mas... que te achas aqui, conosco, no mundo dos Espíritos. Não te apercebeste disto? É um meio onde se está bem. Estas palavras eram muito fortes para mim. Fui presa de violenta emoção e exclamei: — Meu Deus! Que dizes! Estou morto? — Não; estás mais vivo do que nunca, Jim; porém te achas no mundo dos Espíritos. Para te convenceres, não tens mais do que atentar no teu corpo. Com efeito, meu corpo jazia, inanimado, diante de mim, sobre a 19 – A CRISE DA MORTE tarimba. Como, pois, contestar o fato? Pouco depois, chegaram dois homens que colocaram meu cadáver numa prancha e o transportaram para perto de um carro; neste o meteram, subiram à boleia e partiram. Acompanhei então o carro, que parou à borda de um fosso, onde o meu cadáver foi arriado e enterrado. Fora eu o único assistente do meu enterro... P. — Quais as sensações que experimentaste na crise da morte? R. — A que se experimenta quando o sono se apodera da gente, mas deixando que ainda se possa lembrar de alguma ideia que tenha tido antes do sono. A gente, porém, não se lembra do momento exato em que foi tomado pelo sono. É o que se dá por ocasião da morte. Mas, um pouco antes da crise fatal, minha mentalidade se tornara muito ativa; lembrei- me subitamente de todos os acontecimentos da minha vida; vi e ouvi tudo que fizera, dissera, pensara, todas as coisas a que estivera associado. Lembrei-me até dos jogos e brincadeiras do campo militar; gozei-os, como quando deles participei. P. — Conta-nos as tuas primeiras impressões no mundo espiritual. R. — Ia dizer-vos que os meus bons amigos soldados não mais me abandonaram, desde que desencarnei até o momento em que fiz a minha entrada no mundo espiritual; lá, tinha eu avós, irmãos e irmãs, que, entretanto, não me vieram receber quando desencarnei. Ao entrar no mundo espiritual, parecia-me caminhar sobre um terreno sólido e vi que ao meu encontro vinha uma velha, que me dirigiu a palavra assim: — Jim, então vieste para onde estávamos? Olhei-a atentamente e exclamei: — Ó, avozinha, és tu? — Sou eu mesma, meu caro Jim. Vem comigo. E me levou para longe dali, para sua morada. Uma vez lá, disse-me ser necessário que eu repousasse e dormisse. Deitei-me e dormi longamente... P. — A morada de que falas tinha o aspecto de uma casa? R. — Certamente. No mundo dos Espíritos, há a força do pensamento, por meio do qual se podem criar todas as comodidades desejáveis..._________________________________Livro A CRISE DA MORTE de Ernesto Bozzano ______(terceiro caso)

domingo, 11 de janeiro de 2015

Honestidade

A honestidade é a essência do homem moral; é desgraçado aquele que daí se afastar. O homem honesto faz o bem pelo bem, sem procurar aprovação nem recompensa. Desconhecendo o ódio e a vingança, esquece as ofensas e perdoa aos seus inimigos. É benévolo para com todos, protetor para com os humildes. Em cada ser humano vê um irmão, seja qual for seu país, seja qual for sua fé. Tolerante, ele sabe respeitar as crenças sinceras, desculpa as faltas dos outros, sabe realçar-lhes as qualidades; jamais é maledicente. Usa com moderação dos bens que a vida lhe concede, consagra-os ao melhoramento social e, quando na pobreza, de ninguém tem inveja ou ciúme._____________Léon Denis em O Caminho Reto