sábado, 22 de maio de 2021

Consolai-vos

Consolai-vos, pois, vós todos que sofreis, esquecidos na sombra de males cruéis, e vós que sois desprezados por causa da vossa ignorância e das vossas faculdades acanhadas. Sabeis que entre vós se acham Espíritos eminentes, que abandonaram por algum tempo as suas faculdades brilhantes, aptidões e talentos, e quiseram reencarnar como ignorantes para se humilharem. Muitas inteligências estão veladas pela expiação, mas no momento da morte esses véus cairão, deixando eclipsados os orgulhosos que antes as desdenhavam. Não devemos desprezar pessoa alguma. Sob humildes e disformes aparências, mesmo entre os idiotas e os loucos, grandes Espíritos ocultos na matéria expiam um passado tenebroso. Oh! vidas simples e dolorosas, embebidas de lágrimas, santificadas pelo dever; vidas de lutas e de renúncia, existências de sacrifício para a família, para os fracos, para os pequenos, mais meritórias que as dedicações célebres, vós sois outros tantos degraus que conduzem a alma à felicidade. É a vós, é às humilhações, é aos obstáculos de que estais semeadas que a alma deve sua pureza, sua força, sua grandeza. Vós somente, nas angústias de cada dia, nas imolações da matéria, conferis à alma a paciência, a resolução, a constância, todas as sublimidades da virtude, para então se obter essa coroa, essa auréola esplêndida, prometida no espaço para a fronte dos que sofrem, lutam e vencem! Leon Denis em Depois da Morte

Espíritos Imperfeitos

O Espírito puro traz em si próprio sua luz e sua felicidade, que o seguem por toda parte e lhe integram o ser. Assim também o Espírito culpado consigo arrasta a própria noite, seu castigo, seu opróbrio. Pelo fato de não serem materiais, não deixam de ser ardentes os sofrimentos das almas perversas. O inferno é mais que um lugar quimérico, um produto de imaginação, um espantalho talvez necessário para conter os povos na infância, porém que, neste sentido, nada tem de real. É completamente outro o ensino dos Espíritos sobre os tormentos da vida futura; aí não figuram hipóteses. Esses sofrimentos, com efeito, são-nos descritos por aqueles mesmos que os suportam, assim como outros vêm patentear-nos a sua ventura. Nada é imposto por uma vontade arbitrária; nenhuma sentença é pronunciada; o Espírito sofre as conseqüências naturais de seus atos, que, recaindo sobre ele próprio, o glorificam ou acabrunham. O ser padece na vida de além-túmulo não só pelo mal que fez, mas também por sua inação e fraqueza. Enfim, essa vida é obra sua: tal qual ele a produziu. O sofrimento é inerente ao estado de imperfeição, mas atenua-se com o progresso e desaparece quando o Espírito vence a matéria. _____Leon Denis ____Depois da Morte

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Adrien, médium vidente

Todo aquele que pode ver os Espíritos sem auxílio de terceiros é, por isto mesmo, médium vidente. Mas, em geral, as aparições são fortuitas e acidentais. Nós ainda não conhecíamos ninguém apto a ver os Espíritos de maneira permanente e à vontade. É dessa notável faculdade que é dotado o Sr. Adrien, membro da Sociedade de Estudos Espíritas. Ele é, simultaneamente, médium vidente, escrevente, auditivo e sensitivo. Como psicógrafo, escreve o ditado dos Espíritos, mas raramente de modo mecânico, como os médiuns inteiramente passivos, isto é, mesmo escrevendo coisas estranhas ao seu pensamento, ele tem consciência do que escreve. Como médium auditivo escuta as vozes ocultas que lhe falam. Temos na Sociedade dois outros médiuns que gozam desta faculdade no mais alto grau e que, ao mesmo tempo, são ótimos psicógrafos. Enfim, como médium sensitivo, ele sente o contato dos Espíritos e a pressão que sobre si eles exercem. Sente até comoções elétricas muito violentas que afetam as pessoas presentes. Quando magnetiza alguém, pode, à sua vontade, desde que isso seja necessário à saúde, produzir sobre essa pessoa a descarga de uma pilha voltaica. Uma nova faculdade que nele acaba de revelar-se é a dupla vista. Sem ser sonâmbulo e conquanto inteiramente desperto, vê à vontade, a uma distância ilimitada, mesmo além dos mares, aquilo que se passa numa localidade. Vê as pessoas e aquilo que estão fazendo; descreve os lugares e os fatos com precisão cuja exatidão tem sido confirmada. Digamos logo que o Sr. Adrien não é um desses homens fracos que se deixam arrastar pela imaginação. Ao contrário, é um homem de caráter frio, muito calmo e que vê tudo isto com o mais absoluto sangue frio, mas não diremos que com indiferença; longe disto, pois que ele leva a sério as suas faculdades e as considera como um dom da Providência que lhe foi concedido para o bem e, assim, dele se serve apenas para coisas úteis e jamais para satisfazer à vã curiosidade. É um moço de família distinta, muito honesto, de um caráter suave e benevolente e cuja educação apurada se revela na linguagem e em todas as suas maneiras. Como marinheiro e como militar já percorreu uma parte da África, da Índia e de nossas colônias. De todas as suas faculdades como médium, a mais notável e a nosso ver a mais preciosa é a vidência. Os Espíritos lhe aparecem sob a forma descrita em nosso artigo anterior sobre as aparições. Ele os vê com uma precisão da qual podemos fazer uma ideia pelos retratos que damos a seguir, da Viúva do Malabar e da Bela Cordoeira de Lyon.

Ação do Homem sobre os Espíritos Infelizes

A nossa indiferença para com as manifestações espíritas não nos privaria somente do conhecimento do futuro de além-túmulo, pois nos desviaria também da possibilidade de agir sobre os Espíritos infelizes, de amenizar-lhes a sorte, tornando-lhes mais fácil a reparação de suas faltas. Os Espíritos atrasados, tendo mais afinidade com os homens do que com os Espíritos elevados, em virtude de sua constituição fluídica ainda grosseira, são, por isso mesmo, mais acessíveis à nossa influência. Entrando em comunicação com eles, podemos preencher uma generosa missão, instruí-los, moralizá-los e, ao mesmo tempo, melhorarmos, sanearmos o meio fluídico em que todos vivemos. Os Espíritos sofredores ouvem o nosso apelo e as nossas evocações. Os nossos pensamentos, simpáticos, envolvendo-os como uma corrente elétrica e atraindo-os a nós, permitem que conversemos com eles por meio dos médiuns. O mesmo se dá com as almas que deixam este mundo. As nossas evocações despertam a atenção dos Espíritos e facultam-lhe o desapego corpóreo; as nossas preces ardentes são como um jato luminoso que os esclarece e vivifica. É-lhes agradável perceber que não estão abandonados a si próprios na imensidade, que há ainda na Terra seres que se interessam pela sua sorte e desejam a sua felicidade. E, quando mesmo esta não possa ser alcançada por preces, contudo elas não deixam de ser salutares, arrancando-os ao desespero, dando-lhes as forças fluídicas necessárias para lutarem contra as influências perniciosas e ajudando-os a subirem mais alto. Leon Denis - Depois da Morte