terça-feira, 22 de março de 2011

A individualidade pertence ao Espírito imortal.

O Genoma Humano e a Identidade do Espírito(Alexandre Fontes da Fonseca*)
"Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade."

As pesquisas sobre o Genoma Humano fazem surgir controvérsias a respeito da identidade de cada indivíduo. Porém o Espiritismo ensina: a individualidade pertence ao Espírito imortal.

Os avanços no sequenciamento da molécula do DNA de vários seres vivos, incluindo o ser humano, estão permitindo aos cientistas descobrir as causas de uma série de doenças, como o câncer, proporcionar o desenvolvimento de produtos geneticamente modificados e abrir perspectivas quanto à manipulação dos genes ainda durante o processo de formação do feto. Porém, essas pesquisas tem gerado o surgimento de questões éticas como a questão do comportamento humano ser conseqüência de determinados genes.
O professor de Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade de Genebra (Suíça), Prof. Dr. Alex Mauron, questiona a crença de que todas as características do ser humano, incluindo os comportamentos e sentimentos de ordem psicológicas, são comandados pelos genes. Ele batiza essa idéia de "Metafísica genômica" pelo fato do Genoma ser considerado como sendo a "alma" de cada indivíduo. Os Espíritos são bastante claros a esse respeito:

361. Qual a origem das qualidades morais, boas ou más, do homem?"São as do Espírito nele encarnado. Quanto mais puro é esse Espírito, tanto mais propenso ao bem é o homem."

370. Da influência dos órgãos se pode inferir a existência de uma relação entre o desenvolvimento dos do cérebro e o das faculdades morais e intelectuais?"Não confundais o efeito com a causa. O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades, e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos."

Porém, o professor Mauron não defende nenhuma tese espiritualista. Ele acredita que, em algum momento ao longo do desenvolvimento embrionário, existe algum tipo de evento material que determina a emergência da identidade pessoal do indivíduo. Essa "crença" (note que essa idéia não possui prova científica) reflete a postura materialista por parte do professor Mauron e da comunidade científica.


O Espiritismo sela a questão ao ensinar que a causa de nossos comportamentos e de nossa identidade reside na nossa alma ou Espírito. As questões 150 e 152 de O Livro dos Espíritos elucidam:

"150. A alma, após a morte, conserva a sua individualidade?"Sim; jamais a perde. Que seria ela, se não a conservasse?

"152. Que prova podemos ter da individualidade da alma depois da morte?"Não tendes essa prova nas comunicações que recebeis? Se não fôsseis cegos, veríeis; se não fôsseis surdos, ouviríeis; pois que muito amiúde uma voz vos fala, reveladora da existência de um ser que está fora de vós."

A chave para o problema da identidade de cada indivíduo está na pré-existência da alma que a traz consigo. A prova disso são as comunicações dos Espíritos que ao desencarnarem deixaram apenas o corpo físico e levaram tudo o que aprenderam. Lamentamos que a humanidade não reconhece isso como comprovação da sobrevivência da alma. O Genoma, do ponto de vista da Doutrina Espírita, é, portanto, apenas uma ferramenta do Espírito que o recebe para cumprir determinada tarefa no mundo material.

"Não interessa o que causou nossos problemas e doenças mas sim como resolvê-los. "... se eu puder solucioná-los com um remédio ou cirurgia, não preciso responsabilizar- me, a fundo, por eles. Tratarei a mim mesmo como um objeto." (grifo do autor).

Assim, a pesquisa do Genoma Humano favorece a filosofia do ser objeto e nos faz lembrar daquele antigo argumento dos que se eximem da reforma íntima: "... o espírito é forte, mas a carne é fraca". Hoje, esse argumento se torna "... mas o genoma é fraco...". É mais fácil crer que os nossos temperamentos desequilibrados são decorrentes dos nossos genes do que nos esforçarmos por reformar nossas tendências. É mais fácil acreditar que um dia a Ciência, com uma cirurgia, nos fará seres perfeitos do que acreditar no esforço próprio.
Felizes que somos por conhecer a Doutrina Espírita que nos ensina perfeitamente o que é causa e o que é efeito. A causa reside em nosso Espírito. O efeito são os nossos atos, palavras e pensamentos. O corpo físico é apenas instrumento para que possamos trabalhar na obra da co-criação.

Nesta matéria apresentamos e discutimos algumas questões éticas sobre o Genoma Humano, abordadas no meio acadêmico, que esbarram em ensinamentos espíritas. Acreditamos ser importante que o movimento espírita tenha ciência dessas questões e de como o Espiritismo se posiciona diante delas. Nossa intenção aqui foi a de "encarar" essas questões sobre o Genoma Humano mostrando que os ensinamentos dos Espíritos constituem uma perfeita solução para elas.
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Artigo publicado na Revista Internacional de Espiritismo, Jan/2004, pgs. 624-626.

(*) Alexandre Fontes da Fonseca é Doutor em Física pela UNICAMP e "Post-Doc" no Instituto de Física da USP. Atualmente, o autor é "Post-Doc" no Departamento de Química de Rutgers, The State University of New Jersey, EUA.


Fonte:
http://sejaespiritaonline.blogspot.com/2008/08/o-genoma-humano-e-identidade-do-esprito_22.html