segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Mensagem de Francisco de Assis
O calvário do Mestre não se constituía tão-somente de
secura e aspereza....
Do monte pedregoso e triste jorravam fontes de água
viva que dessedentaram a alma dos séculos.
E as flores que desabrocharam no entendimento do ladrão e na angústia das mulheres de Jerusalém atravessaram o tempo, transformando-se em frutos abençoados de alegria no celeiro das nações.
Colhe as rosas do caminho no espinheiro dos
testemunhos....
Entesoura as moedas invisíveis do amor no templo do
coração!...
Retempera o animo varonil, em contacto com o rócio
divino da gratidão e da bondade!...
Entretanto, não te detenhas.
Caminha!
É necessário ascender.
Indispensável o roteiro da elevação, com o sacrifício
pessoal por norma de todos os instantes.
Lembra-te.
Ele era sozinho.
Sozinho anunciou e sozinho sofreu.
Mas erguido, em plena solidão, ao madeiro doloroso por devotamento à Humanidade, converteu-se em Eterna Ressurreição.
Não tomes outra diretriz, senão a de sempre.
Descer auxiliando, para subir com a exaltação do
Senhor!
Dar tudo, para receber com abundância.
Nada pedir para nosso Eu exclusivista, a fim de que
possamos encontrar o glorioso Nós da vida imortal.
Ser a concórdia para a separação.
Ser luz para as sombras, fraternidade para a destruição, ternura para o ódio, humildade para o orgulho, bênção para a maldição...
Ama sempre.
E pela graça do Amor que o Mestre persiste conosco (os mendigos dos milênios), derramando a claridade sublime do perdão celeste onde criamos o inferno do mal e do sofrimento.
Quando o silêncio se fizer mais pesado ao redor de teus
passos, aguça o ouvido e escuta!
A voz d'Ele ressoará de novo na acústica de tua alma e as grandes palavras, que os séculos não apagaram, voltarão mais nítidas ao círculo de tua esperança, para que tuas feridas se convertam em rosas e para que teu cansaço se transubstancie em triunfo.
O rebanho aflito e atormentado clama por refúgio e
segurança.
Que será da antiga Jerusalém humana sem o bordão providencial do pastor que espreita os movimentos do Céu para a defesa do aprisco?
E necessário que o lume da cruz se reacenda, que o clarão da verdade fulgure novamente, que os rumos da libertação decisiva sejam traçados.
A inteligência sem amor é o gênio infernal que arrasta os
povos de agora às correntes escuras e terrificantes do abisma.
O cérebro sublimado não encontra socorro no coração
embrutecido.
A cultura transviada da época em que jornadeamos, relegados à aflição, ameaça todos os serviços da Boa Nova, em seus mais íntimos fundamentos.
Pavorosas ruínas fumegarão, por certo, sobre os palácios faustosos da humana grandeza, carente de humildade, e o vento frio da desilusão soprará de rijo sobre os castelos mortos da dominação que, desvairada, se exibe, sem cogitar dos interesses imperecíveis e supremos do espírito.
E imprescindível à ascensão.
A luz verdadeira procede do mais alto e só aquele que se instala no plano superior, ainda mesmo que coberto de chagas e roído de vermes, pode, com razão, aclarar a senda redentora que as gerações enganadas esqueceram.
Refaze as energias exauridas e volta ao lar de nossa
comunhão e de nossos pensamentos.
O trabalhador fiel persevera na luta santificante até o fim.
O farol no oceano irado é sempre uma estrela em solidão.
Ilumina a estrada, buscando a lâmpada do Mestre que
jamais nos faltou .
Avança...
Avancemos...
Cristo em nós, conosco e por nós e em nosso favor, é o Cristianismo que precisamos reviver a frente das tempestades, de cujas trevas nascerá o esplendor do Terceiro Milênio.
Certamente, o apostolado é tudo. A tarefa transcende o
quadro de nossa compreensão.
Não exijamos esclarecimentos.
Procuremos servir.
Cabe-nos apenas obedecer até que a glória d'Ele se
entronize para sempre na alma flagelada do mundo.
Segue, pois, o amargurado caminho da paixão pelo bem
divino, confiando-te ao suor incessante pela vitória final.
O Evangelho é o nosso Código Eterno.
Jesus é nosso Mestre Imperecível.
Subamos em companhia d'Ele no trilho duro e áspero
Agora é ainda a noite que se rasga em trovões e sombras,
amedrontando, vergastando, torturando, destruindo...
Todavia, Cristo reina e amanhã contemplaremos o
celeste despertar.
(*) A presente Mensagem de Francisco de Assis foi recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, a 17 de agosto de 1951, na residência do Dr. Rômulo Joviano, por ocasião da visita do médium espiritualista Pietro Alleori Ubaldi à terra natal do médium de Emmanuel.