quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Conflitos conjugais



Qual a posição do espiritismo com relação ao divórcio? Se optamos pela
separação, não estamos transferindo nossa missão para com nosso companheiro
para outra época (vidas), ou seja, estamos deixando de lado nosso "carma" por
utilizarmos nosso livre-arbítrio de forma equivocada, sem tentar solucionar os
problemas mais caridosamente?


Resposta: 
Não deveríamos nos prender ao conceito de carma. Essa é uma posição
da filosofia oriental que tem aproximações com a Lei de Causa e Efeito
apresentada pelo Espiritismo, mas há distinções em relação ao entendimento
disso na prática.
Quando se usa o termo carma, há uma conotação de fatalidade, enquanto que a
Doutrina enfatiza a possibilidade de minimização ou eliminação das ocorrências
de sofrimento, mediante uma ação positiva no bem. Vamos esclarecer bem essa
questão do divórcio:
A separação e o divórcio possibilitam a resolução dos conflitos que se
estabelecem na vida das pessoas que estão ligadas por compromisso formal ou
vínculos legais, mas não mais se entendem, nem se amam. Na nossa cultura, essa
opção é acompanhada de grande sofrimento. Parte desse sofrimento decorre do
próprio processo de ruptura e parte resulta de questões culturais. Quando as
pessoas se casam, geralmente, acreditam que estão dando um passo definitivo,
pretendem viver juntas por longo tempo e realizam, por isso, grande
investimento energético na relação, construindo elos fortes. Na separação,
esses laços energéticos se rompem, o que repercute dolorosamente sobre a alma.
Esse sofrimento é inerente ao processo e, quando o casal se decide pela
separação, não dá para fugir dele, é preciso enfrentá-lo com serenidade. Mas há
ainda o outro sofrimento, que resulta do ideário cultural sobre a
indissolubilidade do matrimônio. Podemos atenuar esse último, se desenvolvermos
uma visão crítica da cultura em que vivemos.
A Doutrina Espírita nos ensina a ver o divórcio de uma maneira mais adequada.
Os Espíritos, ao falarem sobre o assunto, criticaram claramente as amarras
culturais que dificultam a vida dos casais. Destacam eles que a determinação
legal de indissolubilidade do casamento é um erro e perguntam: “Julgas,
porventura, que Deus te constranja a permanecer junto dos que te desagradam?”
(LE – q.940)
Depreende-se dos ensinos deles que Deus determina a união dos seres pelo amor,
para que se crie no lar uma psicosfera favorável ao desenvolvimento sadio dos
filhos que porventura venham a ter. “No meio espírita, costuma-se dizer que as
pessoas não devem optar pelo divórcio, porque estarão adiando o pagamento de
uma dívida e terão no futuro, por isso mesmo, maior dificuldade para efetuar
esse pagamento. Talvez isso se aplique ao indivíduo que é inconseqüente e
irresponsável no direcionamento de suas energias amorosas, mas não se pode
generalizar e achar que em todas as situações esse critério seja adequado. Na
verdade, há casos em que o mal maior seria as pessoas permanecerem vinculadas a
um compromisso que não desejam mais e, por isso, perderem a alegria de viver e
a possibilidade de realizações espirituais significativas para sua própria
evolução. Somente aquele que está vivendo o problema poderá decidir,
consultando sua própria consciência, qual o melhor caminho a seguir.
“O conselho dos Espíritos é sempre no sentido de desenvolver as qualidades da
alma para possibilitar um ajustamento harmonioso entre os componentes do grupo
familiar e, quando se instala o conflito, a recomendação é de que se procurem
todos meios de resolução do problema antes de optar pela separação. (Esse tema
está mais desenvolvido no livro “Conflitos Conjugais”- edição FEEES/2002)

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