sexta-feira, 31 de maio de 2013

Não há efeito sem causa

A existência da Potência Suprema é afirmada por todos os Espíritos elevados. Aqueles, dentre nós, que têm estudado o Espiritismo filosófico sabem que todos os grandes Espíritos, todos aqueles cujos ensinamentos têm reconfortado as nossas almas, mitigado nossas misérias, sustentado nossos desfalecimentos, são unânimes em afirmar, em repetir, em reconhecer a alta Inteligência que governa os seres e os mundos. Eles dizem que essa Inteligência se revela mais brilhante e mais sublime à medida que se escalam os degraus da vida espiritual.

O mesmo se dá com os escritores e filósofos espíritas, desde Allan Kardec até nossos dias. Todos afirmam a existência de uma causa eterna no Universo.

“Não há efeito sem causa – disse Allan Kardec – e todo efeito inteligente tem forçosamente uma causa Inteligente.” Eis o princípio sobre o qual repousa o Espiritismo. Esse princípio, quando o aplicamos às manifestações de Além-Túmulo, demonstra a existência dos Espíritos. Aplicado ao estudo do mundo e das leis universais, demonstra a existência de uma causa inteligente no Universo. Eis por que a existência de Deus constitui um dos pontos essenciais do ensino espírita. Acrescento que é inseparável do resto desse ensino, porque, neste último, tudo se liga, tudo se coordena e se encadeia. Que não nos falem de dogmas! O Espiritismo não os comporta. Ele nada impõe; ensina. Todo ensino tem seus princípios. A idéia de Deus é um dos princípios fundamentais do Espiritismo

Consolar


Certa vez, o Espírito de um jovem, que aparentava 18 ou 20 anos de idade, apresentou-se à nossa visão, todo envolvido em ataduras de gaze, da cabeça aos joelhos, braços, mãos, rosto. Chorava; e um cheiro forte de iodofórmio anunciou sua presença antes mesmo da materialização. Compreendemos que seu trespasse se efetivara por uma explosão e que falecera no hospital; pois o panorama dos acontecimentos relacionados com a desencarnação da entidade comunicante, ou mesmo passagens de seu drama íntimo, são revelados ao médium através das suas próprias irradiações (ou de sua aura), o que produz intuições quase instantâneas, espécie de conversação telepática, ou vibratória, que desvenda as cenas e enseja esclarecimentos para o que se há-de tentar, a fim de minorar a sua aflição. Como sempre, em presença desse Espírito, procuramos fazer leitura amena e esclarecedora, convidando-o a ouvi-la, o que fez com grande respeito e atenção. Oramos juntos e conversamos depois, embora ligeiramente. E tivemos a satisfação de vê-lo sorrir e agradecer, ao se afastar.

Nenhuma conquista humana, nenhum prazer ou alegria deste mundo se poderá comparar à felicidade de um médium que já se viu envolvido em tarefa desse gênero. O consolo que ele próprio recebe, se sofre, a doçura inefável de que se sente invadir, ao verificar que conseguiu auxiliar um desses pequeninos a quem Jesus ama e recomenda, ultrapassa todas as venturas e triunfos terrenos. E' como se ele próprio, o instrumento mediúnico, houvesse mergulhado em vibrações celestes, através das lágrimas do sofredor do Invisível, as quais procurou enxugar.


Devassando o Invisível
de Ivonne A. Pereira

domingo, 26 de maio de 2013

Fatalidade



Logo, não há fatalidade. É o homem, por sua própria vontade, quem forja as próprias cadeias, é ele quem tece, fio por fio, dia a dia, do nascimento à morte, a rede de seu destino. A lei de justiça não é, em essência, senão a lei de harmonia; determina as conseqüências dos atos que livremente praticamos. Não pune nem recompensa, mas preside simplesmente à ordem, ao equilíbrio tanto do mundo moral quanto do mundo físico. Todo dano causado à ordem universal acarreta causas de sofrimento e uma reparação necessária, até que, mediante os cuidados do culpado, a harmonia violada seja restabelecida.

O bem e o mal praticado constituem a única regra do destino. Sobre todas as coisas exerce influência uma lei grande e poderosa, em virtude da qual cada ser vivo do universo só pode gozar da situação correspondente a seus méritos. A nossa felicidade, apesar das aparências enganadoras, está sempre em relação direta com a nossa capacidade para o bem; e essa lei acha completa aplicação nas reencarnações da alma. É ela que fixa as condições de cada renascimento e traça as linhas principais dos nossos destinos. Por isso há maus que parecem felizes, ao passo que justos sofrem excessivamente. A hora da reparação soou para estes e em breve soará para aqueles.

Associarmos os nossos atos ao plano divino, agirmos de acordo com a Natureza, no sentido da harmonia e para o bem de todos, é preparar nossa elevação, nossa felicidade; agir no sentido contrário, fomentar a discórdia, incitar os apetites malsãos, trabalhar para si mesmo em menoscabo dos outros, é semear para o futuro fermentos de dor; é nos colocarmos sob o domínio de influências que retardam o nosso adiantamento e por muito tempo nos acorrentam aos mundos inferiores.

É isso o que é necessário dizer, repetir e fazer penetrar no pensamento, na consciência de todos, a fim de que o homem tenha um único alvo em mira: conquistar as forças morais, sem as quais ficará sempre na impotência de melhorar a sua condição e a da humanidade! Fazendo conhecer os efeitos da lei de responsabilidade, demonstrando que as conseqüências de nossos atos recaem sobre nós através dos tempos, como a pedra atirada ao ar torna a cair ao solo, pouco a pouco serão levados os homens a conformar o seu proceder com essa lei, a realizar a ordem, a justiça, a solidariedade no meio social.

Léon Denis -
O Problema do Ser do Destino e da Dor

Variedade infinita das aptidões

A variedade infinita das aptidões, das faculdades, dos caracteres, explica-se facilmente, dizíamos. Nem todas as almas têm a mesma idade, nem todas subiram com o mesmo passo seus estádios evolutivos. Umas percorreram uma carreira imensa e aproximaram-se já do apogeu dos progressos terrestres; outras mal começam o seu ciclo de evolução no seio das humanidades. Estas são as almas jovens, emanadas a menos tempo do Foco Eterno, foco inextinguível que despede sem cessar feixes de Inteligências que descem aos mundos da matéria para animarem as formas rudimentares da vida. Chegadas à humanidade, tomarão lugar entre os povos selvagens ou entre as raças bárbaras que povoam os continentes atrasados, as regiões deserdadas do Globo. E, quando, afinal, penetram em nossas civilizações, ainda facilmente se deixam reconhecer pela falta de desembaraço, de jeito, pela sua incapacidade para todas as coisas e, principalmente, pelas suas paixões violentas, pelos seus gostos sanguinários, às vezes até pela sua ferocidade; mas, essas almas ainda não desenvolvidas subirão por sua vez a escala das graduações infinitas por meio de reencarnações inúmeras.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Uma leitura para o coração



“Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar. Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos”. O Espírito de Verdade. (Bordéus, 1861.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo – capítulo VI – item 7. 


Afastemos um pouco das reflexões mais densas e façamos uma pausa para meditação.

Dilata tua sensibilidade e lê com o sentimento as anotações a seguir. Depois escuta os recados do teu coração.

***

A Doutrina Espírita é a medicação recuperativa das nossas vidas. Sua “substância ativa” é o Evangelho. Sua “bula” é estritamente individual. Para cada um haverá uma dosagem e forma de aplicação.

O movimento espírita é a nossa enfermaria abençoada onde encontramo-nos internados na busca de nossa alta médica.

Tarefa e estudo, provas e oportunidades são terapêuticas necessárias na solução de nossas enfermidades.

Perante esse quadro de experiências da nossa trajetória de aprendizado, listemos algumas prescrições indispensáveis para a cura:

· Onde se reúnem doentes, torna-se dispensável realçar imperfeições e deslizes. Todos sabemos de nossa condição. Falemos de saúde e aproveitamento.

· Esqueçamos as vivências dolorosas e examinemos as conquistas. Indaguemos: em que melhorei? O que aprendi?

· Somos doentes graves, mas temos o melhor médico, Jesus.

· Perdoemos incondicionalmente o companheiro de enfermaria. Ele também é alguém em busca de si mesmo.

· Trazemos na intimidade todos os antídotos para nossas imperfeições. Resta-nos descobri-los.

· De fato, alguns doentes esquecem suas necessidades. O melhor a fazer para auxiliá-los é a oração.

· Alguns enfermos carecem de tratamentos específicos. Por não entendermos tais medidas, evitemos julgá-los.

· Uma única certeza: todos nós teremos alta médica e alcançaremos a saúde.

· As raras criaturas sadias foram chamadas a Postos Maiores. Cuidam de nós.

· Uma pergunta diária: que farei pela minha recuperação?

· Uma atitude diária: doses elevadas de preces e trabalho.

· O caminho seguro para fortalecimento e alegria: a amizade sincera, leal e fraterna.

· O que nunca devemos esquecer: antes repudiávamos a idéia de internação. Hoje desejamos tratar.

· Esqueçamos a noção de tempo e sejamos gratos pela oportunidade de uma vaga nessa benfazeja enfermaria.

· Nos momentos de crise, evitemos projetar decepções e revolta nos outros ou reclamar do ambiente que nos acolheu para refazimento e orientação. Crises são indícios oportunos para exames e diagnósticos mais apurados sobre nossas dores.

· Saber que estamos enfermos não basta. É preciso sentir. Nossa cura virá do coração.

Recordemos a frase confortadora do Espírito Verdade: Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos.

Agora vá e escuta os recados do teu coração e Deus te abençoe com paz íntima.


Livro - Escutando Sentimentos de 
Wanderley de Oliveira