quinta-feira, 5 de junho de 2014
Acusações contra à revelação Espírita - Léon Denis em O Problema do Ser, do Destino e da Dor
A Revelação Espírita levantou, como sucede com todas as doutrinas novas, muitas
objeções e críticas. Ponderemos algumas. Acusam-nos, antes de tudo, de termos grande
empenho em filosofar; acusam-nos de termos edificado, sobre a base de fenômenos, um
sistema antecipado, uma doutrina prematura, e de havermos comprometido assim o caráter
positivo do Espiritualismo moderno.
Um escritor de valia, fazendo-se intérprete de um certo número de psiquistas, resumia as
suas críticas nestes termos: “Uma objeção séria contra a hipótese espírita é a que se refere à
filosofia com que certos homens demasiadamente apressados dotaram o Espiritismo. O
Espiritismo, que apenas devia ser uma ciência no seu início, é já uma filosofia imensa para a
qual o universo não tem segredos.” 26
Léon Denis – O Problema do Ser, do Destino e da Dor
Poderíamos lembrar a esse autor que os homens de quem ele fala representaram em
tudo isso simplesmente o papel de intermediários, limitando-se a coordenar e publicar os
ensinamentos que recebiam por via mediúnica.
Por outro lado, devemos notar, haverá sempre indiferentes, cépticos, espíritos
retardados, prontos a achar que andamos com muita pressa. Não haveria progresso possível,
se tivesse de esperar pelos retardatários. É deveras engraçado ver pessoas, cujo interesse por
essas questões apenas data de ontem, darem regras a homens como Allan Kardec, por
exemplo, que só se atreveu a publicar os seus trabalhos ao cabo de anos de investigações
laboriosas e de maduras reflexões, obedecendo nisso a ordens formais e bebendo em fontes
de informação das quais os nossos excelentes críticos nem sequer parecem ter idéia.
Todos aqueles que seguem com atenção o desenvolvimento dos estudos psíquicos podem
verificar que os resultados adquiridos vieram confirmar em todos os pontos e fortalecer cada
vez mais a obra de Kardec.
Friedrich Myers, o eminente professor de Cambridge, que foi durante vinte anos, diz
Charles Richet, a alma da Society for Psychical Researches, de Londres, e que o Congresso
oficial internacional de Psicologia de Paris elevou, em 1900, à dignidade de presidente
honorário, declara nas últimas páginas de sua obra magistral, La Personnalité Humaine, cuja
publicação produziu no mundo sábio uma sensação profunda: “Para todo investigador
esclarecido e consciencioso essas indagações vão dar lugar, lógica e necessariamente, a uma
vasta síntese filosófica e religiosa.” Partindo desses dados, consagra o capítulo décimo a uma
“generalização ou conclusão que estabelece um nexo mais claro entre as novas descobertas e
os esquemas já existentes do pensamento e das crenças dos homens civilizados”.24
Termina assim a exposição de seu trabalho:
“Bacon previra a vitória progressiva da observação e da experiência em todos os
domínios dos estudos humanos; em todos, exceto um: o domínio das coisas divinas.
Empenho-me em mostrar que essa grande exceção não é justificada. Pretendo que existe
um método para chegar ao conhecimento das coisas divinas com a mesma certeza, a
mesma segurança com que temos alcançado os progressos que possuímos no conhecimento
das coisas terrestres. A autoridade das igrejas será substituída, assim, pela da observação e
experiência. Os impulsos da fé transformar-se-ão em convicções racionais e firmes, que
darão origem a um ideal superior a todos os que a humanidade houver conhecido até esse
momento.”
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