domingo, 29 de maio de 2016
Medo da morte
1. O homem, seja qual for a escala de sua posição social,
desde selvagem tem o sentimento inato do futuro; diz-lhe a
intuição que a morte não é a última fase da existência e
que aqueles cuja perda lamentamos não estão irremissivelmente
perdidos.
A crença da imortalidade é intuitiva e muito mais generalizada
do que a do nada. Entretanto, a maior parte dos
que nela crêem apresentam-se-nos possuídos de grande
amor às coisas terrenas e temerosos da morte! Por quê?
2. Este temor é um efeito da sabedoria da Providência e
uma conseqüência do instinto de conservação comum a
todos os viventes. Ele é necessário enquanto não se está
suficientemente esclarecido sobre as condições da vida futura,
como contrapeso à tendência que, sem esse freio, nos
levaria a deixar prematuramente a vida e a negligenciar o
trabalho terreno que deve servir ao nosso próprio adiantamento.
Assim é que, nos povos primitivos, o futuro é uma vaga
intuição, mais tarde tornada simples esperança e, finalmente,
uma certeza apenas atenuada por secreto apego à
vida corporal.
3. À proporção que o homem compreende melhor a vida
futura, o temor da morte diminui; uma vez esclarecida a
sua missão terrena, aguarda-lhe o fim calma, resignada e
serenamente. A certeza da vida futura dá-lhe outro curso
às idéias, outro fito ao trabalho; antes dela nada que se
não prenda ao presente; depois dela tudo pelo futuro sem
desprezo do presente, porque sabe que aquele depende da
boa ou da má direção deste.
A certeza de reencontrar seus amigos depois da morte,
de reatar as relações que tivera na Terra, de não perder um
só fruto do seu trabalho, de engrandecer-se incessantemente
em inteligência, perfeição, dá-lhe paciência para esperar e
coragem para suportar as fadigas transitórias da vida terrestre.
A solidariedade entre vivos e mortos faz-lhe compreender
a que deve existir na Terra, onde a fraternidade e
a caridade têm desde então um fim e uma razão de ser, no
presente como no futuro.____________________Livro O Céu E o Inferno
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