terça-feira, 21 de agosto de 2018

Parábola do Semeador

A Parábola do Semeador é a parábola das parábolas: sintetiza os caracteres predominantes em todas as almas, ao mesmo tempo que nos ensina a distingui-las pela boa ou má vontade com que recebem as novas espirituais. Pelo enredo do discurso vemos aqueles que, em face a Palavra de Deus, são “beiras de caminho” onde passam todas as idéias grandiosas como gentes nas estradas, sem gravarem nenhuma delas; são “pedras” impenetráveis às novas idéias, aos conhecimentos liberais; são “espinhos” que sufocam o crescimento de todas as verdades, como essas plantas espinhosas que estiolam e matam os vegetais que tentam crescer, nas suas proximidades. Mas se assim acontece para o comum dos homens, como para a grande parte de terra improdutiva, que faz arte do nosso mundo, também se distingue, dentre todos, uma plêiade de espíritos de boa vontade, que ouvem a Palavra de Deus, põem-na por obra, e, dessa semente bendita resulta tão grande produção que se pode contar a cento por uma”. De maneira que a “semente” é a palavra de Deus, Lei do Amor que abrange a Religião e a Ciência, a Filosofia e a Moral, inclusive os “Profetas” e se resume no ditame cristão: “Adora a Deus e faze o bem até aos teus próprios inimigos.” A Palavra de Deus, a “semente”, é uma só, quer dizer, é sempre a mesma que tem sido apregoada em toda arte, desde que o homem se achou em condições de recebê-la. E se ela não atua com a mesma eficácia em todos, deriva esse fato da variedade e da desigualdade de espíritos que existem na Terra; uns mais adiantados, outros mais atrasados; uns propensos ao bem, à caridade, à liberalidade, à fraternidade; outros propensos ao mal, ao egoísmo, ao orgulho, apegados aos bens terrenos, às diversões passageiras. A terra que recebe as sementes, representa o estado intelectual e moral de cada um: “beira do caminho, pedregal, espinhal e terra boa”. Acresce ainda que nem todos os pregoeiros da Palavra a apregoam tal como ela é, em sua simplicidade e despida de formas enganosas. Uns revestem-na de tantos mistérios, de tantos dogmas, de tanta retórica; ornam-na com tantas flores que, embora a “palavra permaneça”, fica obscurecida, enclausurada na forma, sem que se lhe possa ver o fundo, o âmago, a essência! Muitos a pregam por interesse, como o “mercenário que semeia”; outros por vangloria, e, grande parte, por egoísmo. Nestes casos não dissipam as trevas, mas aumentam-nas; não abrandam corações, mas endurece-os; não anunciam a Palavra, mas dela fazem um instrumento para receber ouro ou glórias. Para pregar e ouvir a Palavra, é preciso que não a rebaixemos, mas a coloquemos acima de nós mesmos; porque aquele que despreza a Palavra, anunciando-a ou ouvindo-a, despreza o seu Instituidor, e, como disse Ele: “Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, tem quem o julgue; a Palavra que falei, esta o julgará no último dia: Sermo, quem locutus sum, ille judicabit eum in novíssimo dia.” (João, XII, 48.) Que belíssimo quadro apresenta-se às nossas vistas, quando, animados pelo sentimento do bem e da nossa própria instrução espiritual, lemos, com atenção, a Parábola do Semeador! A nossa frente desdobra-se vasto campo, onde aparece a extraordinária Figura do Excelso Semeador, o maior exemplificador do amor de todas as idades, e aquele monumental Sermão ressoa aos nossos ouvidos, convidando-nos à prática das virtudes ativas, para o gozo das bem-aventuranças eternas! O Espiritismo, filosofia, ciência, religião, independente de todo e qualquer sectarismo, é a doutrina que melhor nos põe a par de todos esses ditames, porque, ao lado dos salutares ensinos, faz realçar a sobrevivência humana, base inamovível da crença real que aperfeiçoa, corrige e felicita! Que os seus adeptos, compenetrados dos deveres que assumiram, semelhantes ao Semeador, levem, a todos os lares, e plantem em todos os corações, a Semente da fé que salva, erguendo bem alto essa Luz do Evangelho, escondida sob o alqueire dos dogmas e dos falsos ensinos que tanto têm prejudicado a Humanidade! _______________________________________Parábolas e ensinos de Jesus - Cairbar Schutel

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