segunda-feira, 5 de outubro de 2020
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Dissertações espontâneas feitas pelo Espírito de Charlet, em Várias sessões da sociedade
I
Há entre vós uma coisa que sempre vos excita a atenção e a curiosidade. Esse mistério, pois que é para vós um grande mistério, é a ligação, ou antes, a distância existente entre a vossa alma e a dos animais, mistério que, a despeito de toda a sua ciência, Buffon, o mais poético dos naturalistas, e Cuvier, o mais profundo, jamais puderam penetrar, assim como o escalpelo não vos detalha a anatomia do coração. Ora, sabei, os animais vivem, e tudo o que vive pensa. Não se pode, pois, viver sem pensar.
Assim sendo, resta demonstrar-vos que quanto mais o homem avança, não conforme o tempo, mas conforme a perfeição, mais penetrará a ciência espiritual, o que se aplica não somente a vós, mas também aos seres que estão abaixo de vós: os animais. Oh! exclamarão alguns homens, persuadidos de que o vocábulo homem significa todo o aperfeiçoamento, mas há um paralelo possível entre o homem e o bruto? Podeis chamar inteligência àquilo que não passa de instinto? Sentimento ao que é apenas sensação? Numa palavra, podeis rebaixar a imagem de Deus? Responderemos. Houve um tempo em que a metade do gênero humano era considerada no nível do bruto, em que o animal não figurava; um tempo, que é agora o vosso, em que a metade do gênero humano é encarada como inferior e o animal como bruto. Então! Do ponto de vista do mundo é assim, não há dúvida. Do ponto de vista espiritual a coisa é diferente. O que os Espíritos superiores diriam do homem terreno, os homens dizem dos animais.
Tudo é infinito na Natureza, tanto o material como o espiritual. Ocupemo-nos pois um pouco desses pobres brutos, espiritualmente falando, e vereis que o animal vive realmente, desde que pensa.
segunda-feira, 27 de julho de 2020
Roda Viva do Espiritismo - Entrevista com Severino Celestino
sábado, 20 de junho de 2020
Maratona Virtual da Comunicação - ÍNTEGRA
segunda-feira, 11 de maio de 2020
Denis, No Invisível
O Espiritismo representa uma fase nova da evolução humana. A lei que, através dos séculos, tem conduzido as diferentes frações da Humanidade, longo tempo separadas, a gradualmente aproximar-se, começa a fazer sentir no Além os seus efeitos. Os modos de correspondência que entretêm na Terra os homens vão-se estendendo pouco a pouco aos habitantes do mundo invisível, enquanto não atingem, mediante novos processos, as famílias humanas que povoam os mundos do espaço.
Contudo, nas sucessivas ampliações do seu campo de ação, a Humanidade tropeça em inúmeras dificuldades. As relações, multiplicando-se, nem sempre trazem favoráveis resultados; também oferecem perigos, sobretudo no que se refere ao mundo oculto, mais difícil que o nosso de penetrar e analisar. Lá, como aqui, o saber e a ignorância, a verdade e o erro, a virtude e o vício existem, com esta agravante: ao passo que fazem sentir sua influência, permanecem encobertos aos nossos olhos; donde a necessidade de abordar o terreno da experimentação com extrema prudência, de longos e pacientes estudos preliminares.
E necessário aliar os conhecimentos teóricos ao espírito de investigação e à elevação moral, para estar verdadeiramente apto a discernir no Espiritismo o bem do mal, o verdadeiro do falso, a realidade da ilusão. É preciso compenetrar-se do verdadeiro caráter da mediunidade, das responsabilidades que acarreta, dos fins para os quais nos é concedida.
O Espiritismo não é somente a demonstração, pelos fatos, da sobrevivência; é também o veículo pelo qual descem sobre a Humanidade as inspirações do mundo superior. A esse título é mais que uma ciência, é o ensino que o Céu transmite à Terra, reconstituição engrandecida e vulgarizada das tradições secretas do passado, o renascimento dessa escola profética que foi a mais célebre escola de médiuns do Oriente. Com o Espiritismo, as faculdades, que foram outrora o privilégio de alguns, se difundem por um grande número. A mediunidade se propaga; mas de par com as vantagens que proporciona, é necessário estar advertido a respeito de seus escolhos e perigos.
Espiritismo
Trecho do discurso pronunciado por Léon Denis na sessão de 11 de setembro de 1888, no Congresso Espírita de Paris, respondendo ao Sr. Fauvety:
“Não vos viemos dizer que devamos ficar confinados ao círculo, por mais vasto que seja, do Espiritismo kardequiano. Não; o próprio mestre vos convida a avançar nas vias novas, a alargar a sua obra.
Estendemos as mãos a todos os inovadores, a todos os de boa vontade, a todos os que têm no coração o amor da Humanidade.”
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
O vale dos suicídas
Camilo Cândido Botelho
Precisamente no mês de janeiro do ano da graça de 1891, fora eu surpreendido com meu aprisionamento em região do Mundo Invisível cujo desolador panorama era composto por vales profundos, a que as sombras presidiam: gargantas sinuosas e cavernas sinistras, no interior das quais uivavam, quais maltas de demônios enfurecidos, Espíritos que foram homens, dementados pela intensidade e estranheza,
verdadeiramente inconcebíveis, dos sofrimentos que os martirizavam.
Nessa paisagem aflitiva da contemplação, com a vista torturada do grilheta, não distinguiria sequer o doce vulto de um arvoredo que testemunhasse suas horas de desesperação, tampouco paisagens
confortativas que pudessem distraí-lo da
contemplação cansativa dessas gargantas
onde não penetrava outra forma de Vida
que não a traduzida pelo supremo horror!
[...]
Não havia então ali, como não haverá
jamais, nem paz, nem consolo, nem esperança: tudo em seu âmbito marcado pela
desgraça era miséria, assombro, desespero
e horror.
[...]
Aqui, era a dor que nada consola, a desgraça que nenhum favor ameniza, a tragédia que ideia alguma tranquilizadora vem
orvalhar de esperança! Não há céu, não
há luz, não há sol, não há perfume, não há
tréguas!
O que há é o choro convulso e inconsolável dos condenados que nunca se
harmonizam! O assombroso “ranger dos
dentes” da advertência prudente e sábia
do sábio Mestre de Nazaré! A blasfêmia
acintosa do réprobo a se acusar a cada
novo rebate da mente flagelada pelas recordações penosas! A loucura inalterável de consciências contundidas pelo vergastar infame dos remorsos! O que há é a
raiva envenenada daquele que já não pode
chorar, porque ficou exausto sob o excesso das lágrimas! O que há é o desaponto, a surpresa aterradora daquele que se
sente vivo a despeito de se haver arrojado
na morte! É a revolta, a praga, o insulto, o
ulular de corações que o percutir monstruoso da expiação transformou em feras!
O que há é a consciência conflagrada, a
alma ofendida pela imprudência das ações
cometidas, a mente revolucionada, as faculdades espirituais envolvidas nas trevas
oriundas de si mesma! [...].
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