domingo, 21 de junho de 2015

Jesus - Evangelho Segundo o Espiritismo

Da suposição de que Jesus devia conhecer a seita dos essênios, seria errado concluir que ele bebeu nessa seita a sua doutrina, e que , se tivesse vivido em outro meio professaria outros princípios. As grandes idéias não aparecem nunca de súbito. As que têm a verdade por base contam sempre com precursores, que lhes preparam parcialmente o caminho. Depois, quando o tempo é chegado, Deus envia um homem com a missão de resumir, coordenar e completar os elementos esparsos, com eles formando um corpo de doutrina. Dessa maneira, não tendo surgido bruscamente, a doutrina encontra, ao aparecer, espíritos inteiramente preparados para a aceitar. Assim aconteceram com as idéias cristãs, que foram pressentidas muitos séculos antes de Jesus e dos essênios, e das quais foram Sócrates e Platão os principais precursores. Sócrates, como o Cristo, nada escreveu, ou pelo menos nada deixou escrito. Como ele, morreu a morte dos criminosos, vítima do fanatismo, por haver atacado as crenças tradicionais e colocado à verdadeira virtude acima da hipocrisia e da ilusão dos formalismos, ou seja: por haver combatido os preconceitos religiosos. Assim como Jesus foi acusado pelos fariseus de corromper o povo com os seus ensinos, ele também foi acusado pelos fariseus do seu tempo— pois os que os tem havido em todas as épocas, — de corromper a juventude, ao proclamar o dogma da unicidade de Deus, da imortalidade da alma e da existência da vida futura. Da mesma maneira porque hoje não conhecemos a doutrina de Jesus senão pelos escritos dos seus discípulos, também não conhecemos a de Sócrates, senão pelos escritos do seu discípulo Platão. Consideramos útil resumir aqui os seus pontos principais, para demonstrar sua concordância com os princípios do Cristianismo. Aos que encarassem este paralelo como uma profanação, pretendendo não ser possível haver semelhanças entre a doutrina de um pagão e a do Cristo, responderemos que a doutrina de Sócrates não era pagã, pois tinha por finalidade combater o paganismo, e que a doutrina de Jesus, mais completa e mais depurada que a de Sócrates, nada tem a perder na comparação. A grandeza da missão divina do Cristo não poderá ser diminuída. Além disso, trata-se de fatos históricos, que não podem ser escondidos. O homem atingiu um ponto em que a luz sai por si mesma debaixo do alqueire e o encontra maduro para a enfrentar. Tanto pior para os que temem abrir os olhos. E chegado o tempo de encarar as coisas do alto e com amplitude, e não mais do ponto de vista mesquinho e estreito dos interesses de seitas e de castas. Estas citações provarão, além disso, que, se Sócrates e Platão pressentiram as idéias cristãs, encontram-se igualmente na sua doutrina os princípios fundamentais do Espiritismo.

A Lei do Amor

LÁZARO Paris, 1862 ------------- 8 – O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado. No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento. Não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior, que reúne e condensa em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei do amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais. Feliz aquele que, sobrelevando-se à humanidade, ama com imenso amor os seus irmãos em sofrimento! Feliz aquele que ama, porque não conhece as angústias da alma, nem as do corpo! Seus pés são leves, e ele vive como transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou essa palavra divina, — amor — fez estremecerem os povos, e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo. O Espiritismo, por sua vez, vem pronunciar a segunda palavra do alfabeto divino. Ficai atentos, porque essa palavra levanta a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, vencendo a morte, revela ao homem deslumbrado o seu patrimônio intelectual. Mas já não é mais aos suplícios que ela conduz, e sim à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito, e o Espírito deve agora resgatar o homem da matéria. Disse que o homem, no seu início, tem apenas instintos. Aquele, pois, em que os instintos dominam, está mais próximo do ponto de partida que do alvo. Para avançar em direção ao alvo, é necessário vencer os instintos a favor dos sentimentos, ou seja, aperfeiçoar a estes, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões dos sentimentos. Trazem consigo o progresso, como a bolota oculta o carvalho. Os seres menos adiantados são os que, libertando-se lentamente de sua crisálida, permanecem subjugados pelos instintos. O Espírito deve ser cultivado como um campo. Toda a riqueza futura depende do trabalho atual. E mais que os bens terrenos, ele vos conduzirá à gloriosa elevação. Será então que, compreendendo a lei do amor, que une a todos os seres, nela buscareis os suaves prazeres da alma, que são o prelúdio das alegrias celestes *________________________FÉNELON______________________________Bordeaux, 1861

domingo, 14 de junho de 2015

Os espíritos e os astros

Nas sessões mediúnicas da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, dirigidas pelo próprio Kardec, não se manifestavam apenas Espíritos terrenos. Entidades pertencentes a outros mundos comunicavam-se dando curiosas informações sobre a vida no Cosmos. A coleção da Revista Espírita, correspondente ao período em que Kardec a redigiu, durante quase doze anos, oferece-nos várias dessas comunicações. E mesmo antes desse período, como vemos em O Livro dos Espíritos, o Codificador foi seguramente informado por Espíritos de evidente elevação sobre os diferentes graus de evolução dos mundos, as inumeráveis moradas da Casa do Pai, segundo a conhecida expressão de Jesus registrada nos Evangelhos. Episódio altamente significativo, menosprezado e ridicularizado pelos adversários da Doutrina, foi o da comunicação de Mozart e Bernard Pallissy, que se diziam reencarnados em Jú-piter. Vários desenhos de aspectos da vida em Júpiter foram transmitidos por esses dois Espíritos, servindo de médium desenhista o famoso teatrólogo Victorien Sardou que por sinal nunca se havia entregado a essa arte, para a qual não dispunha, em seu estado normal, de nenhuma habilidade. Segundo disseram esses Espíritos, Marte seria o planeta mais inferior do nosso sistema solar e Júpiter o mais elevado. As descrições mediúnicas de Marte nos oferecem uma visão do que podemos chamar o Averno espírita, enquanto Júpiter se define como o Olimpo espírita. As pesquisas astronômicas posteriores e as da Astronáutica em nossos dias não desmentem essas informações, no tocante ao que foi possível constatar até agora. É verdade que também ainda não as confirmaram, mas sugerem a confirmação. No caso de Marte, os Espíritos revelaram tratar-se de um planeta de precárias condições de vida, habitado por criaturas subumanas e com vastas regiões de completa aridez. Essas con-dições estão hoje positivadas pelas sondas espaciais, mas a existência de vida humana ainda não foi verificada. Continua, entretanto, como possibilidade, pois Marte possui atmosfera e água. No tocante a Júpiter, os astrônomos constataram que se trata do maior planeta do sistema, apesar disso extremamente leve. Chegou-se mesmo a formular a teoria de que Júpiter seria um pequeno planeta de constituição sólida, mas envolvido por enorme camada de gás congelado. Essa hipótese corresponde à informação espiritual de que Júpiter é de constituição diferente da Terra, formado por matéria rarefeita. Daí a sua extrema leveza, apesar de seu grande volume. A população de Júpiter, segundo os Espíritos, seria constituída de corpos materiais bastante leves, equivalendo ao nosso corpo espiritual. Kardec registrou essas informações e considerou-as lógicas, mas lembrou que a sua aceitação como reais dependeria de investigações futuras, naturalmente a cargo dos astrônomos, pois o assunto não pertence especificamente à Ciência Espírita, cujo objeto é o espírito humano e suas relações com os homens. O critério científico de Kardec na pesquisa espírita ficou mais uma vez bem patente com esse curioso episódio. Hoje, com o desenvolvimento acelerado das pesquisas cósmicas, a Astronáutica é a Ciência incumbida desse problema. E a teoria espírita da pluralidade dos mundos habitados, que o astrônomo Camille Flammarion, também médium de Kardec, aprovou corajosamente, já se tornou opinião pacífica nos meios científicos. Pouco a pouco vão se fazendo as provas da existência de vida semelhante à da Terra em outros mundos e outras galáxias. O Espiritismo considera o homem como um herdeiro do Cosmos. Seu destino não é apenas a Terra, durante a vida orgânica, e o mundo espiritual depois da morte. As Moradas da Casa do Pai o aguardam no Infinito. Por isso a expansão marítima do século XVI começa agora a ser ampliada com a expansão celeste. Novas Sagres se instalaram na Terra e as proas de suas naves não apontam para a imensidade oceânica, mas para a infinitude dos céus. Vamos descobrir as terras estelares, como os navegantes portugueses e espanhóis descobriram no seu tempo as terras oceânicas. Ao lado da Astronáutica material, porém, existe a Astronáutica espiritual. Os homens não avançam no espaço cósmico tão somente em naves construídas de metal. Avançam em seus escafandros espirituais, em astronaves etéreas. São as almas viajoras de que falava Plotino, o sucessor de Platão na era helenística. Emigram de um mundo para outro no Cosmos, da mes-ma forma que emigram entre os continentes na Terra. Por duas maneiras, portanto, o Espiritismo nos abre as sendas do Infinito. A evolução terrena equipa o homem para a conquista material dos mundos de constituição semelhante à da Terra. A evolução espiritual equipa o espírito para a conquista dos mundos de constituição fluídica ou etérea. O homem, espírito encarnado, pode ser um astronauta do Cosmos físico, num raio de ação limitado pelas possibilidades materiais. O Espírito, homem desencarnado, é naturalmente um astronauta do Além, dispondo de possibilidades infinitas em suas incursões pelo Cosmos etéreo. A alma viajora de Plotino, que errava nas hipóstases do universo terreno, elevando-se aos planos espirituais com a morte e voltando ao plano terreno com a reencarnação, adquire no Espiritismo um alcance infinito em suas migrações. Bastaria esse aspecto da Doutrina para nos mostrar a sua plena integração na Era Cósmica. Neste livro não há comunicações sobre outros mundos. Estamos ainda muito empenhados em nossos problemas planetários que precisamos solucionar no âmbito doméstico da Terra, para cuidar de questões mais amplas. Mas nem por isso os Espíritos comunicantes deixam de ser astronautas do Além, pois descem das hipóstases do universo terreno, ou seja, dos mundos espirituais que circundam o nosso planeta, para nos traze-rem as mensagens de fraternidade de outros mundos. Essa a razão do título escolhido para este volume. Somos todos, na verdade, Astronautas do Além. Se estamos hoje no Aquém, imantados ao solo do planeta, é porque ainda nos encontramos na Escola de Sagres do infinito, sujeitando-nos aos cursos de preparação necessários ao controle futuro das viagens espaciais. E essa preparação abrange as técnicas diferenciadas, mas não obstante conjugadas, da Astronáutica física e da Astronáutica celeste. O desenvolvimento das faculdades psíquicas do homem se acelera em nossos dias porque a Era Cósmica já se iniciou. Os fenômenos paranormais de que trata a Parapsicologia constituem o equipamento etéreo dos astronautas físicos, pois sem a telepatia, a precognição, a retrocognição e a clarividência, nossos astronautas estarão sempre ameaçados pelas surpresas do meio cósmico. Os fenômenos paranormais nada mais são do que os fenômenos mediúnicos. Não existe um campo específico de fenômenos parapsicológicos. Os verdadeiros parapsicólogos não criam problemas com referência ao Espiritismo, pois sabem muito bem que estão trabalhando em campo espírita. Só os falsos parapsicó-logos, em geral incapazes de compreender a ciência que dizem cultivar e pretendem ensinar, estabelecem um conflito imaginário entre Parapsicologia e Espiritismo. Sofrem da cegueira mental do sectarismo ou de incompetência intelectual. São os beneficiários do preconceito cultural e religioso que impede até agora as nossas Universidades de acertarem o passo dos seus currículos estreitos com as dimensões maiores dos currículos mundiais. Vivem parasitando a ignorância acadêmica e sugando impunemente a ignorância popular, desarmada diante do assalto vampiresco à sua ingenuidade._Este livro prova, em seus vários capítulos, que refletem a vivência real da mediunidade em nossa terra, que os fatos mediúnicos são a matéria prima da pesquisa parapsicológica. Dispomos de uma tradição de mais de um século nesse terreno, mas os nossos meios universitários preferem marcar passo na retaguarda da cultura mundial, franqueando aos incompetentes e aos espertalhões os poderosos filões mediúnicos das nossas camadas populares. O material reunido neste volume corresponde ao período que vai de 14 de janeiro de 1973 a 21 de julho de 1973 na divulgação das mensagens psicográficas recebidas pelo médium Francisco Cândido Xavier, seguidas dos comentários de Irmão Saulo, pseudônimo de que nos servimos para a publicação de crônicas espíritas na imprensa, há mais de um quarto de século. Com este são três os volumes já publicados, sendo os dois anteriores os seguintes: Chico Xavier Pede Licença e Na Era do Espírito. Esses volumes documentam de maneira viva a atividade mediúnica de Francisco Cândido Xavier e seu relacionamento direto com a vida do nosso povo. As explicações do próprio médium sobre as condições e as motivações da recepção dessas mensagens constituem valioso material de estudo para todos os que realmente se interessam pelos problemas espirituais. São Paulo, 3 de outubro de 1973.________________J. Herculano Pires_______________________________________________Do livro Astronautas do além _ Francisco Cândido Xavier e Herculano Pires