
Através dos condutos naturais, corriam os elementos sexuais masculinos (espermatozóides), em busca do óvulo, como se estivessem preparados de antemão para urna prova eliminatória, em corrida de três milímetros, aproximadamente, por minuto. Surpreendido, reconheci que o número deles se contava por milhões e que seguiam, em massa, para a frente, em impulso instintivo, na sagrada competição.
              No silêncio sublime daqueles minutos, compreendi que Alexandre (espírito       orientador de André Luiz), em vista de ser o missionário mais elevado do       grupo em operação de auxílio, dirigia os serviços graves da ligação       primordial. Segundo depreendi, ele podia ver as disposições cromossômicas       de todos os princípios masculinos (espermatozóides) em movimento, depois de haver       observado, atentamente, o futuro óvulo materno, presidindo ao trabalho prévio       de determinação do sexo do corpo a organizar-se.
              Após acompanhar, profundamente absorto no serviço, a marcha dos minúsculos       competidores que constituíam a substância fecundante, identificou o mais       apto, fixando nele o seu potencial magnético, dando-me a idéia de que o       ajudava a desembaraçar-se dos companheiros para que fosse o primeiro a       penetrar a pequenina bolsa maternal. O elemento focalizado por ele ganhou       nova energia sobre os demais e avançou rapidamente na direção do alvo. A       célula feminina que, em face do microscópico projetil espermático, se       assemelhava a um pequeno mundo arredondado de açúcar, amido e  proteínas,       aguardando o raio vitalizante, sofreu a dilaceração da cutícula, à       maneira de pequenina embarcação torpedeada,       e enrijeceu-se, de modo singular, cerrando os poros tenuíssimos, como se       estivesse disposta a recolher-se às profundezas de si mesma, a fim de       receber, face a face, o esperado visitante, e impedindo a intromissão de       qualquer outro dos competidores, que haviam perdido a primeira posição       na grande prova. Sempre sob o influxo luminoso-magnético de       Alexandre, o elemento vitorioso prosseguiu a marcha, depois de atravessar       a periferia do óvulo, gastando pouco mais de quatro minutos para alcançar       o seu núcleo.  Ambas as forças, masculina e feminina, formavam       agora uma só, convertendo-se ao meu olhar em tenuíssimo foco de luz. O       meu orientador, absolutamente entregue ao seu trabalho, tocou a pequenina       forma com a destra, mantendo-se no serviço de divisão da cromatina,              cujas particularidades são ainda inacessíveis à minha compreensão,       conservando a atitude do cirurgião seguro de si, na técnica operatória.       Em seguida Alexandre ajustou a forma       reduzida do reencarnante,       que se interpenetrava com o organismo       perispirítico da mãe, sobre aquele microscópico globo de       luz, impregnado de vida, e observei que essa vida latente começou a       movimentar-se.
              Havia decorrido precisamente um quarto de hora, a contar do       instante em que o elemento ativo ganhara o núcleo do óvulo passivo.
              Depois de prolongada aplicação magnética, que era secundada pelo esforço       dos Espíritos Construtores, Alexandre aproximou-se de mim e falou: —       Está terminada a operação inicial de ligação. Que Deus nos proteja.
Sentindo a admiração com que eu seguia, agora, o processo da divisão celular, em que se formava rapidamente a vesícula de germinação, o orientador acentuou:
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O organismo maternal fornecerá todo o alimento para a organização básica do aparelho físico,
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enquanto a forma reduzida do reencarnante, como vigoroso modelo, atuará como imã entre limalhas de ferro, dando forma consistente à sua futura manifestação no cenário da Crosta.