terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Trajes dos espíritos


Durante as numerosas ocasiões em que, como vidente, temos observado entidades desencarnadas, quer em nosso estado normal, quer quando nos há sido possível penetrar o mundo invisível, levada em corpo espiritual (perispírito) pelos Guias e Instrutores que nos deferem essa honra, grande número de Espíritos temos visto, e até com eles convivido, se deste modo nos podemos expressar, de variada gradação moral e intelectual, e apenas uma vez nos recordamos de ter percebido um inteiramente desnudo. Contrariamente, o que temos presenciado nos confere o direito de categoricamente afirmar que - sim! - os Espíritos se trajam e modificam a aparência das vestes que usam conforme lhes apraz, exclusão feita de alguns muito inferiores e criminosos, geralmente obsessores da mais ínfima espécie, cuja mente não possui vibrações à altura de efetuar a admirável

"operação plástica" requerida. Por isso mesmo, a aparência destes últimos costuma ser chocante para o vidente, pela fealdade, ou simplesmente pela miséria, pois se apresentam cobertos de andrajos e farrapos, como que empapados de lama, ou embuçados em longos sudários negros, com mantos ou capas que lhes envolvem os ombros e a cabeça e, não raro, mascarados por um saco negro enfiado na cabeça, com duas aberturas à altura dos olhos, tais os antigos verdugos da Inquisição, uniformizados para operações nas salas de suplícios, de que nos dão conhecimento as gravuras antigas. Longos chapéus costumam trazer também, assim como botas de canos altos, conquanto muito difícil seja ao médium ver os pés. Tais Espíritos procuram, frequentemente, esconder o rosto e insultam rudemente o médium, se este os surpreende com a visão. Certamente que o instrumento mediúnico, diante de uma aparição dessa categoria, precisará estar de posse de toda a tranquilidade fornecida pela fé e pela confiança adquiridas através do exercício mediúnico, a fim de se não deixar envolver pelas faixas daninhas expelidas pela entidade, cuja presença, se se tornar constante, poderá produzir, a um médium pouco experimentado, desequilíbrios graves e até mesmo a obsessão. A prece será sempre a melhor defesa contra essa espécie de habitantes do mundo invisível. Se a prece for feita com a necessária confiança, levando o médium a se harmonizar com as vibrações superiores do Além, geralmente tais entidades se afastam com rapidez, apavoradas e contrafeitas.

Tais aparições, no entanto, não são frequentes, parecendo-nos mesmo que as que temos surpreendido sômente nos foram permitidas sob a direção dos nossos Instrutores Espirituais, para a necessária observação e estudo. Raramente aceitam elas uma conversação doutrinária. Cremos que sômente a reencarnação, num trabalho de educação pela dor dos aprendizados pungentes, terá eficiência no seu soerguimento moral.

Ainda que tal revelação - a do vestuário dos Espíritos - desagrade a alguns estudiosos, que não admitem tal possibilidade, e que têm os Espíritos como seres diferentes dos homens, abstratos, vagos, não poderemos afirmar senão que, pelo menos os que se conservam chegados à Terra, pelas lembranças de terem sido homens muitas vezes, são eles tão simples e naturais que nos dão a impressão de homens apenas algo mais frágeis na sua estrutura, mais belos alguns, porque lucilantes e delicadíssimos na sua feição perispiritual, mas hediondos e repulsivos outros, porque de aparência inferior ao comum dos mortais terrenos, mais desagradáveis à vista.

Devassando o Invisível
de Yvonne A. Pereira
 

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