terça-feira, 30 de julho de 2013

O Fenômeno Espírita



As crenças na imortalidade da alma e nas comunicações entre os vivos e os mortos eram gerais entre os povos da Antigüidade.

Mas, ao contrário do que acontece hoje, as práticas pelas quais se conseguia entrar em relação com as almas desencar­nadas, eram o apanágio exclusivo dos padres, que tinham cuidadosamente monopolizado essas cerimônias, não só para fazerem delas uma renda lucrativa e manterem o povo em absoluta ignorância quanto ao verdadeiro estado da alma depois da morte como também para revestirem, a seus olhos, um caráter sagrado, pois que só eles podiam revelar os segredos da morte.

Encontramos nos mais antigos arquivos religiosos a prova do que avançamos.

Os anais de todas as nações mostram que, desde épocas remotíssimas da História, a evocação dos Espíritos era praticada por certos homens que tinham feito disso uma especialidade.

O mais antigo código religioso que se conhece, os Vedas, aparecido milhares de anos antes de Jesus-Cristo, afirma a existência dos Espíritos. Eis como o grande legislador Manu se exprime a respeito: Os Espíritos dos antepassados, no esta­do invisível, acompanham certos brâmanes, convidados para as cerimônias em comemoração dos mortos, sob uma forma aérea; seguem-nos e tomam lugar ao seu lado quando eles se assen­tam.

Um outro autor hindu declara: Muito tempo antes de se despojarem do envoltório mortal, as almas que só praticaram o bem como as que habitam o corpo dos sannyassis e dos vayzaprastha (anacoretas e cenobitas) adquirem a faculdade de conversar com as almas que as precederam no Swarga; é sinal que, para essas almas, a série de suas transmigrações sobre a Terra terminou.

Desde tempos imemoriais, os padres iniciados nos mistérios preparam indivíduos chamados faquires para a evocação dos Espíritos e para a obtenção dos mais notáveis fenômenos do magnetismo. Louis Jacolliot, em sua obra - Le Spiritisme dans le monde - expõe amplamente a teoria dos hindus sobre os Pitris, isto é, Espíritos que vivem no Espaço depois da morte do corpo. Resulta das investigações deste autor que o segredo da evocação era reservado àqueles que pudessem ter quarenta anos de noviciado e obediência passiva.



GABRIEL DELANNE
O FENÔMENO ESPÍRITA

terça-feira, 23 de julho de 2013

“(…) A luz que, por vezes, me rodeia me amedronta.


“Noto, contudo, que Emmanuel, desde fins de 1941, se dedica, afetuosamente, aos trabalhos de André Luiz. Por essa época, disse-me ele a propósito de “algumas autoridades espirituais” que estavam desejosas de algo lançar em nosso meio, com objetivos de despertamento.

Falou-me que projetavam trazer páginas que nos dessem a conhecer aspectos da vida que nos espera no “outro lado”, e, desde então, onde me concentrasse, via sempre aquele “cavalheiro espiritual”, que depois se revelou por André Luiz, ao lado de Emmanuel. Assim decorreram quase dois anos, antes do “Nosso Lar”.

“(…) Desde então, vejo que o esforço de Emmanuel e de outros amigos nossos concentrou-se nele, acreditando, intimamente, que André Luiz está representando um círculo talvez vasto de entidades superiores. Assim digo porque quando estava psicografando o “Missionários da Luz”, houve um dia em que o trabalho se interrompeu.

Levou vários dias parado. Depois, informou-me Emmanuel, quando o trabalho teve reinício, que haviam sido realizadas algumas reuniões para o exame de certas teses que André Luiz deveria ou poderia apresentar ou não no livro. Em psicografando o capítulo Reencarnação, do mesmo trabalho, por mais de uma vez, vi Emmanuel e Bezerra de Menezes, associados ao autor, fiscalizando ou amparando o trabalho.”

“(…) A luz que, por vezes, me rodeia me amedronta. Vejo, ouço, e me movimento, no círculo destes trabalhos, mas, podes, crer, vivo sempre com a angústia de quem se sente indigno e incapaz. Cada dia que passa, mais observo que a luz é luz e que a minha sombra é sombra. Reconhecendo a minha indigência, tenho medo de tantas responsabilidades e rogo a Jesus me socorra.”

Fragmentos de carta de Chico Xavier a Wantuil de Freitas em 1946.

Do livro “Testemunhos de Chico Xavier” de Suely Caldas Schubert.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Perante a Eternidade



A oportunidade de escrevermos nossa história!!

Enquanto é tempo
Não trafegues inconseqüente pela vida, como se não existisse um amanhã, pois o amanhã te convocará à Realidade do Espírito. Urge preparar-te como convém, sem demora enquanto é tempo, pois se já convenceste da dimensão da Grande Verdade não mais se justifica estacionares nas transitórias instâncias da Ilusão física.
Simplificai tuas necessidades, pois nas Dimensões Superiores para onde a vida te conduz, já não mais poderás atendê-las, imprimindo-te inadequadas aflições se persistires na embriaguez dos vícios e no abuso de toda sorte.
Desapega-te do supérfluo, exercitando o genuíno desprendimento, a fim de adestrar-te à verdadeira Vida do Espírito, plena de indescritíveis venturas.
Procura viver com o menos possível, consumindo na vilegiatura terrena apenas o necessário à tua subsistência, evadindo-te de criares hábitos impróprios que muito te custarão a combater.
Reduza teus desejos, ansiando por bens eternos, pois vives num mundo efêmero que apenas se destina a te preparar para o Reino Glorioso, onde viverás embalando por diferenciados anseios.
Lembra-te: o corpo requer cuidados e respeito, porém como mera veste, não é tudo que deve mobilizar os teus interesses na vida. Ele deve ceder o seu vigor, sua juventude e sua beleza para que em ti amadureça a Alma Imortal.
O tempo é oportunidade bendita da Lei a teu favor. Aproveita-o com zelo, refazendo erros do passado e angariando novos valores para a tua própria felicidade. E se te é dada a hora vazia, consome-a no estudo, no desenvolvimento de teu ser e no serviço ao próximo, fazendo-a útil a ti e à vida.
A riqueza é não convite ao deleite e ao ócio, mas simples empréstimo da Lei Divina em tuas mãos. Se te abundam os recursos para o exercício da existência, apressa-te a distribuí-los a todos quantos convivem contigo, para que te faças possuído da verdadeira fortuna, aquela que levarás sempre contigo no coração e para onde fores. Porém, se a privação dos bens ora te visita a experiência terrena, recorda que o destino nos impõe lições indispensáveis, justificando-a ante a tua disposição ao egoísmo e ao esbanjamento. Corre a afastar do teu coração a revolta e a inveja dos abastados, vivendo a escassez como benfazeja oportunidade de trabalho e valorização dos recursos da vida.
A sabedoria não é verniz para a tua vaidade. Se o entendimento se te faz claro e detém-te na inteligência, apressa-te a esclarecer a ignorância que viceja ao teu lado, para que te faças verdadeiramente sábio.
O trabalho não é castigo para os teus dias, mas labor que visa instruir a tua alma na oficina da existência, habilitando-te à aquisição de funções indispensáveis para se viver no Céu. Valoriza-o, acorrendo a atendê-lo na exigência de seu tempo.
Cargos e posições de destaque do mundo não são enfeites para adornar-te o Espírito, mas oportunidades de serviço para o bem do próximo e o adestramento do teu ser. Viva-os com a humildade e a responsabilidade que a Lei te exige. Mas se os encargos da vida te situam em aparente inferioridade, não a vivencies com revolta e nem te evadas do exercício do servir. Recorda que não há seres desprezíveis na Criação e que se o germe não trabalhasse no seio da terra a vida no Orbe não se sustentaria.
A dor não é imposição de forças biológicas aleatórias, nem castigo da Divindade, mas recurso terapêutico indispensável para a correta orientação de tua consciência eterna. Ela não te abandonará enquanto não assimilares a lição que sabiamente te oferta.
A dificuldade e a vicissitude não são obstáculos casuais que a jornada da carne te impõe. São legítimos ensejos de crescimento que te versam na correção dos equívocos que incorporaste de forma inadequada à bagagem do Espírito.
Desafetos e pessoas difíceis não são convites a te evadires do convívio, mas preciosos entes a te convocarem para ao aprendizado da tolerância e da compreensão, indispensáveis à aquisição do verdadeiro amor que deve habitar a tua alma.
O mal não é produto residual da Mecânica Divina, porém óbice da inferioridade do ser que deves combater em ti, com veemência, a fim de participares do Banquete de Amor que Nosso Pai nos preparou desde o início dos tempos.
Teu impulso de crescimento não deve embasar-se na redução dos valores alheios, nem fazer decrescer o teu próximo, mas com ele expandir, pois o Senhor proibiu-te avançares sem carrear contigo os que estão ao teu lado.
Momentos de angústias não são impedimentos à tua felicidade, mas sim o chamado da vida para que aprendas que a verdadeira alegria é aquela que se esparge para o contentamento de todos quantos te acompanham os passos pelas paragens da Terra.
A raiva, que por vez te açula a alma, em lamentáveis estertores de agressividade, não são apenas impulsos que despertam de um passado remoto a te exigir controle, porém representam o retrato vivo do teu próprio ser, ainda estuante no presente, a te exigir urgente reforma íntima.
Caminha como um viageiro que está de passagem pelo mundo, soerguendo os desvalidos, disseminando alegrias e bom ânimo, compartilhando teu saber e teus bens provisórios, tolerando, servindo e amando, pois a qualquer momento a Lei de Deus convocar-te-á de retorno à Pátria do Espírito e então será inútil lamentar tuas mãos vazias, e as lágrimas do remorso não farão retroceder o tempo perdido.

Por isso, irmão, faze isso enquanto é tempo!

Gilson Freire

quinta-feira, 11 de julho de 2013

A vontade



A vontade é a maior de todas as potências; é, em sua ação, comparável ao ímã. À vontade de
viver, de desenvolver em nós a vida, atrai-nos novos recursos vitais; tal é o segredo da lei de evolução.

A vontade pode atuar com intensidade sobre o corpo fluídico, ativar-lhe as vibrações e, por esta forma, apropriá-lo a um modo cada vez mais elevado de sensações, prepará-lo para mais alto grau de existência.

O princípio de evolução não está na matéria, está na vontade, cuja ação tanto se estende à ordem invisível das coisas como à ordem visível e material. Esta é simplesmente a conseqüência daquela. O princípio superior, o motor da existência, é à vontade. A Vontade Divina é o supremo motor da Vida Universal.

O que importa, acima de tudo, é compreender que podemos realizar tudo no domínio psíquico; nenhuma força fica estéril, quando se exerce de maneira constante, em vista de alcançar um desígnio conforme ao Direito e à Justiça.

É o que se dá com a vontade; ela pode agir tanto no sono como na vigília, porque as almas valorosas, que para si mesma estabeleceu um objetivo, procuram com tenacidade em ambas às fases de sua vida e determina assim uma corrente poderosa, que mina devagar e silenciosamente todos os obstáculos.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

O sentimento da solidariedade



Nas Almas evolvidas, o sentimento da solidariedade torna-se bastante intenso para se transformar em comunhão perpétua com todos os seres e com Deus.

A Alma pura comunga com a Natureza inteira; inebria-se nos esplendores da Criação infinita. Tudo – os astros do céu, as flores do prado, a canção do regato, a variedade das paisagens terrestres, os horizontes fugitivos do mar, a serenidade dos espaços – tudo lhe fala uma linguagem harmoniosa. Em todas essas coisas visíveis, a Alma atenta descobre a manifestação do pensamento invisível que cobre o Cosmos. Este reveste para ela um aspecto encantador. Torna-se o teatro da vida e da comunhão universais, comunhão dos seres uns com os outros e de todos os seres com Deus, seu pai.

Não há distância entre as Almas que se amam, porque se comunicam através da extensão.

O Universo é animado de vida potente: vibra qual uma harpa sob a ação divina. As irradiações do pensamento o percorrem em todos os sentidos e transmitem mensagens de Espírito a Espírito, através do Espaço. Esse Universo que Deus povoou de Inteligências, a fim de que o conheçam e o amem e cumpram a sua Lei, Ele o enche de sua presença, ilumina-o com a sua luz, aquece-o com o seu amor.

A prece é a expressão mais alta dessa comunhão das Almas. Considerada sob este aspecto, ela perde toda a analogia com as fórmulas banais, os recitativos monótonos em uso, para se tornar um transporte do coração, um ato da vontade, pelo qual o Espírito se desliga das servidões da Matéria, das vulgaridades terrestres, para perscrutar as leis, os mistérios do poder infinito e a ele submeter-se em todas as coisas: “Pedi e recebereis!” Tomada neste sentido, a prece é o ato mais importante da vida; é a aspiração ardente do ser humano que sente sua pequenez e sua miséria e procura, pelo menos um instante, pôr as vibrações do seu pensamento em harmonia com a sinfonia eterna. É a obra da meditação que, no recolhimento e no silêncio, eleva a Alma até essas alturas celestes, onde aumenta as suas forças, onde a impregna das irradiações da luz e do amor divinos.

Léon Denis em O Grande Enígma

Unidade substancial do Universo



O Universo é uno, posto que triplo na aparência. Espírito, Força e Matéria não parecem ser mais que os modos, os três estados de uma substância imutável em seu princípio, variável ao infinito em suas manifestações.

O Universo vive e respira, animado por duas correntes poderosas: a absorção e a difusão.

Por essa expansão, por esse sopro imenso, Deus, o Ser dos seres, a Alma do Universo, cria. Por seu amor, atrai a si. As vibrações do seu pensamento e da sua vontade, fontes primeiras de todas as forças cósmicas, movem o Universo e geram a Vida.

A Matéria, dissemos, é um modo, uma forma transitória da substância universal. Ela escapa à análise e desaparece sob a objetiva dos microscópios, para se transmudar em radiações sutis. Não tem existência própria; as filosofias que a tomam por base repousam sobre uma aparência, uma espécie de ilusão.

A unidade do Universo, por muito tempo negada ou incompreendida, começa a ser entrevista pela Ciência. Há quatro lustros, W. Crookes, no curso de estudos sobre a materialização dos Espíritos, descobria o quarto estado da Matéria, o estado radiante, e essa descoberta, por suas conseqüências, ia destruir todas as velhas teorias clássicas sobre o assunto.

Estas estabeleciam distinção entre a Matéria e a Força. Sabemos agora que ambas se confundem. Sob a ação do calor, a matéria mais grosseira se transforma em fluidos; os fluidos, por sua vez, se reduzem a um elemento mais sutil, que escapa aos nossos sentidos. Toda matéria pode ser transformada em força e toda força se condensa em matéria, percorrendo assim um círculo incessante.

Leon Denis em O Grande Enigma

domingo, 7 de julho de 2013

Resignação na Adversidade




O sofrimento é lei em nosso mundo. Em todas as condições, em todas as idades, sob todos os climas, o homem tem padecido, a Humanidade tem derramado lágrimas. Apesar dos progressos sociais, milhões de seres gravitam ainda sob o jugo da dor. As classes elevadas também não têm sido isentas desses males. Entre os Espíritos cultivados as impressões são mais dolorosas, porque a sensibilidade está mais esmerada, mais apurada. O rico, assim como o pobre, sofre material e moralmente. De todos os pontos do globo o clamor humano sobe ao espaço.Mesmo no seio da abundância, um sentimento de desânimo, uma vaga tristeza apodera-se por vezes das almas delicadas. Sentem que neste mundo é irrealizável a felicidade e que, aqui, apenas se pode perceber dela um pálido reflexo. O Espírito aspira a vidas e mundos melhores; uma espécie de intuição diz-lhe que na Terra não existe tudo. Para o homem que segue a filosofia dos Espíritos, essa vaga intuição transforma-se em absoluta certeza. Sabe aonde vai, conhece o porquê dos seus males, qual a causa do sofrimento. Além das sombras e das angústias da Terra, entrevê a aurora de uma nova vida.
Para apreciar os bens e os males da existência, para saber em que consiste a verdadeira desgraça, em que consiste a felicidade, é necessário nos elevarmos acima do círculo acanhado da vida terrena. O conhecimento do futuro e da sorte que nos aguarda permite medir as conseqüências dos nossos atos e sua influência sobre os tempos vindouros. Observada sob este ponto de vista, a desgraça, para o ser humano, já não é mais o sofrimento, a perda dos entes que lhe são caros, as privações, a miséria; a desgraça será então tudo o que manchar, tudo o que aniquilar o adiantamento, tudo o que lhe for um obstáculo. A desgraça, para aquele que só observar os tempos presentes, pode ser a pobreza, as enfermidades, a moléstia. Para o Espírito que paira no alto, ela será o amor do prazer, o orgulho, a vida inútil e culposa. Não se pode julgar uma coisa sem se ver tudo o que dela decorre, e eis por que ninguém pode compreender a vida sem conhecer o seu alvo e as leis morais.