Enquanto é tempo
Não trafegues inconseqüente pela vida, como se não existisse um amanhã, pois o amanhã te convocará à Realidade do Espírito. Urge preparar-te como convém, sem demora enquanto é tempo, pois se já convenceste da dimensão da Grande Verdade não mais se justifica estacionares nas transitórias instâncias da Ilusão física.
Simplificai tuas necessidades, pois nas Dimensões Superiores para onde a vida te conduz, já não mais poderás atendê-las, imprimindo-te inadequadas aflições se persistires na embriaguez dos vícios e no abuso de toda sorte.
Desapega-te do supérfluo, exercitando o genuíno desprendimento, a fim de adestrar-te à verdadeira Vida do Espírito, plena de indescritíveis venturas.
Procura viver com o menos possível, consumindo na vilegiatura terrena apenas o necessário à tua subsistência, evadindo-te de criares hábitos impróprios que muito te custarão a combater.
Reduza teus desejos, ansiando por bens eternos, pois vives num mundo efêmero que apenas se destina a te preparar para o Reino Glorioso, onde viverás embalando por diferenciados anseios.
Lembra-te: o corpo requer cuidados e respeito, porém como mera veste, não é tudo que deve mobilizar os teus interesses na vida. Ele deve ceder o seu vigor, sua juventude e sua beleza para que em ti amadureça a Alma Imortal.
O tempo é oportunidade bendita da Lei a teu favor. Aproveita-o com zelo, refazendo erros do passado e angariando novos valores para a tua própria felicidade. E se te é dada a hora vazia, consome-a no estudo, no desenvolvimento de teu ser e no serviço ao próximo, fazendo-a útil a ti e à vida.
A riqueza é não convite ao deleite e ao ócio, mas simples empréstimo da Lei Divina em tuas mãos. Se te abundam os recursos para o exercício da existência, apressa-te a distribuí-los a todos quantos convivem contigo, para que te faças possuído da verdadeira fortuna, aquela que levarás sempre contigo no coração e para onde fores. Porém, se a privação dos bens ora te visita a experiência terrena, recorda que o destino nos impõe lições indispensáveis, justificando-a ante a tua disposição ao egoísmo e ao esbanjamento. Corre a afastar do teu coração a revolta e a inveja dos abastados, vivendo a escassez como benfazeja oportunidade de trabalho e valorização dos recursos da vida.
A sabedoria não é verniz para a tua vaidade. Se o entendimento se te faz claro e detém-te na inteligência, apressa-te a esclarecer a ignorância que viceja ao teu lado, para que te faças verdadeiramente sábio.
O trabalho não é castigo para os teus dias, mas labor que visa instruir a tua alma na oficina da existência, habilitando-te à aquisição de funções indispensáveis para se viver no Céu. Valoriza-o, acorrendo a atendê-lo na exigência de seu tempo.
Cargos e posições de destaque do mundo não são enfeites para adornar-te o Espírito, mas oportunidades de serviço para o bem do próximo e o adestramento do teu ser. Viva-os com a humildade e a responsabilidade que a Lei te exige. Mas se os encargos da vida te situam em aparente inferioridade, não a vivencies com revolta e nem te evadas do exercício do servir. Recorda que não há seres desprezíveis na Criação e que se o germe não trabalhasse no seio da terra a vida no Orbe não se sustentaria.
A dor não é imposição de forças biológicas aleatórias, nem castigo da Divindade, mas recurso terapêutico indispensável para a correta orientação de tua consciência eterna. Ela não te abandonará enquanto não assimilares a lição que sabiamente te oferta.
A dificuldade e a vicissitude não são obstáculos casuais que a jornada da carne te impõe. São legítimos ensejos de crescimento que te versam na correção dos equívocos que incorporaste de forma inadequada à bagagem do Espírito.
Desafetos e pessoas difíceis não são convites a te evadires do convívio, mas preciosos entes a te convocarem para ao aprendizado da tolerância e da compreensão, indispensáveis à aquisição do verdadeiro amor que deve habitar a tua alma.
O mal não é produto residual da Mecânica Divina, porém óbice da inferioridade do ser que deves combater em ti, com veemência, a fim de participares do Banquete de Amor que Nosso Pai nos preparou desde o início dos tempos.
Teu impulso de crescimento não deve embasar-se na redução dos valores alheios, nem fazer decrescer o teu próximo, mas com ele expandir, pois o Senhor proibiu-te avançares sem carrear contigo os que estão ao teu lado.
Momentos de angústias não são impedimentos à tua felicidade, mas sim o chamado da vida para que aprendas que a verdadeira alegria é aquela que se esparge para o contentamento de todos quantos te acompanham os passos pelas paragens da Terra.
A raiva, que por vez te açula a alma, em lamentáveis estertores de agressividade, não são apenas impulsos que despertam de um passado remoto a te exigir controle, porém representam o retrato vivo do teu próprio ser, ainda estuante no presente, a te exigir urgente reforma íntima.
Caminha como um viageiro que está de passagem pelo mundo, soerguendo os desvalidos, disseminando alegrias e bom ânimo, compartilhando teu saber e teus bens provisórios, tolerando, servindo e amando, pois a qualquer momento a Lei de Deus convocar-te-á de retorno à Pátria do Espírito e então será inútil lamentar tuas mãos vazias, e as lágrimas do remorso não farão retroceder o tempo perdido.
Por isso, irmão, faze isso enquanto é tempo!
Gilson Freire
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