domingo, 24 de janeiro de 2016
Anjo em formação
Nossa mente fragmentária dificilmente compreende o ensino espírita segundo o qual “tudo se encadeia no Universo”. O eu nos separa dos outros, das coisas e dos seres. Sentimo-nos, apesar de todas as raízes que nos prendem à terra e de todos os liames que nos amarram aos outros, como seres independentes. Isolamo-nos na trincheira ilusória do nosso eu para enfrentar o mundo e os homens. Não raro nos dispomos a enfrentar Deus e os anjos, duvidando de tudo, como se a medida precária, a fita métrica da nossa razão constituísse o fio de prumo da realidade universal.
Preferimos a afirmação de Protágoras de que o homem é a medida de todas as coisas (e o homem nesse caso somos nós e não os outros) à lição platônica de que é Deus a medida única do todo. Essa atitude de isolamento arrogante, que gera o orgulho e a vaidade, fecha-nos no pequenino universo do nosso eu particular. Daí a conhecida afirmação de Sartre, característica do nosso tempo: “os outros são o inferno”. E como vivemos com os outros, deles dependendo, a eles amarrados pela estrutura social e pela dinâmica espiritual, sentimo-nos no inferno.
A mensagem de André Luiz, renovando a lição essencial do Cristo, vem lembrar-nos que não somos apenas homens, mas anjos em formação. Como homens sofremos porque nos situamos na zona intermediária da evolução, entre os animais e os anjos. Nossas angústias, nosso tédio, nosso desespero decorrem do conflito corpo-espírito. Mas nossas esperanças se alimentam das claridades celestes que se acendem progressivamente em nossa alma. Nosso corpo nos isola no mundo, mas nosso Espírito nos liga a todas as coisas e a todos os seres. Esse corpo se fecha nas sensações materiais, reduzidas à percepção sensorial. Mas nosso Espírito se abre nas emoções espirituais que nos dão a percepção extra-sensorial.
A solução dos nossos problemas está assim em nós mesmos. A fase de transição que hoje vivemos na Terra exige de nós a compreensão global da vida. E o caminho para essa compreensão é o serviço ao próximo – que nos liga aos outros –, o desenvolvimento das nossas experiências através do trabalho, a busca de uma visão nova da vida como processo evolutivo – em que os fins imediatos são apenas meios para atingirmos a finalidade real da existência._________________J. Herculano Pires
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