A doutrina das reencarnações aproxima os homens mais que qualquer outra crença, ensinando-lhes a comunidade de origens e fins, mostrando-lhes a solidariedade que os liga a todos no passado, no presente, no futuro. Diz-lhes que não há, entre eles, deserdados nem favorecidos, que cada um é filho de suas obras, senhor de seu destino. Nossos sofrimentos, ocultos ou aparentes, são conseqüências do passado ou também a escola austera onde se aprendem as altas virtudes e os grandes deveres.
Percorreremos todos os estádios da via imensa; passaremos alternadamente por todas as condições sociais para conquistar as qualidades inerentes a esses meios. Assim, a solidariedade que nos liga compensa, numa harmonia final, a variedade infinita dos seres, resultante da desigualdade de seus esforços e também das necessidades de sua evolução. Com ela, para longe vão a inveja, o desprezo e o ódio! Os menores de nós talvez já tenham sido grandes e os maiores tornarão a nascer pequenos, se abusarem de sua superioridade. A cada um, por sua vez, a alegria como a dor! Daí a verdadeira confraternidade das almas; sentimo-nos todos perenemente unidos nos degraus da nossa ascensão coletiva; aprendemos a ajudar-nos e a sustentar-nos, a estender a mão uns aos outros!
Através dos ciclos do tempo, todos se aperfeiçoam e se elevam; os criminosos do passado virão a ser os sábios do futuro. Chegará a hora em que nossos defeitos serão eliminados, em que nossos vícios e nossas chagas morais serão curadas. As almas frívolas tornar-se-ão sisudas, as inteligências obscuras iluminar-se-ão. Todas as forças do mal que em nós vibram ter-se-ão transformado em forças do bem. Do ser fraco, indiferente, fechado a todos os grandes pensamentos, sairá, com o perpassar dos tempos, um Espírito poderoso, que reunirá todos os conhecimentos, todas as virtudes, e se tornará capaz de realizar as coisas mais sublimes.
Léon Denis - O problema do ser, do destino e da dor
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