sábado, 3 de março de 2012

A Lei dos destinos


Há, pois, na lei de repercussão dos atos, alguma coisa mecânica, automática na aparência. Entretanto, quando implica acerbas expiações, reparações dolorosas, grandes Espíritos intervêm para regular-lhe o exercício e acelerar a marcha das almas em via de evolução. Sua influência faz-se principalmente sentir na hora da reencarnação, a fim de guiar essas almas em suas escolhas, determinando as condições e os meios favoráveis à cura de suas enfermidades morais e ao resgate das faltas anteriores.

Sabemos que não há educação completa sem a dor. Colocando-nos nesse ponto de vista, é necessário livrarmo-nos de ver, nas provações e dores da humanidade, a conseqüência exclusiva de faltas passadas. Todos aqueles que sofrem não são forçosamente culpados em via de expiação. Muitos são simplesmente Espíritos ávidos de progresso, que escolheram vidas penosas e de labor para colherem o benefício moral que anda ligado a toda pena sofrida.

Contudo, em tese geral, é do choque, do conflito do ser inferior, que não se conhece ainda, com a lei da harmonia, que nasce o mal, o sofrimento. É pelo regresso gradual e voluntário do mesmo ser a essa harmonia que se restabelece o bem, isto é, o equilíbrio moral. Em todo pensamento, em toda obra há ação e reação e esta é sempre proporcional em intensidade à ação realizada. Por isso podemos dizer: o ser colhe exatamente o que semeou.

Colhe-o efetivamente, pois que, por sua ação contínua, modifica sua própria natureza, depura ou materializa o seu invólucro fluídico, o veículo da alma, o instrumento que serve para todas as suas manifestações e no qual é calcado, modelado o corpo físico em cada renascimento.

Nossa situação no Além resulta, como vimos precedentemente, das ações repetidas que nossos pensamentos e nossa vontade exercem constantemente sobre o perispírito. Segundo sua natureza e objetivo, vão-no transformando pouco a pouco num organismo sutil e radiante, aberto às mais altas percepções, às sensações mais delicadas da vida do espaço, capaz de vibrar harmonicamente com Espíritos elevados e de participar das alegrias e impressões do infinito. No sentido inverso, farão dele uma forma grosseira, opaca, acorrentada à Terra por sua própria materialidade e condenada a ficar encerrada nas baixas regiões. Essa ação contínua do pensamento e da vontade, exercida no decorrer dos séculos e das existências sobre o perispírito, faz-nos compreender como se criam e desenvolvem nossas aptidões físicas, assim como as faculdades intelectuais e as qualidades morais.

Léon Denis - O problema do ser, do destino e da dor

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